Economia
Quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Aeris decola 76% em 45 dias e tem espaço para subir mais, avalia BTG

Um dos IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês) com melhor desempenho em 2020 não atraiu os holofotes como a Rede D’Or ou o Grupo Mateus. Mas, em pouco mais de seis semanas, a fabricante de pás para geradores de energia eólica Aeris Energy desponta como um dos destaques entre as 28 companhias que abriram o capital na B3 neste ano.

As ações da Aeris (AERI3) encerraram o pregão no último dia 23 negociadas a 9,66 reais, com um avanço de 76% em relação ao preço de estreia de 5,50 reais — abaixo da faixa indicativa para o IPO — no Novo Mercado da B3 no dia 11 de novembro. A oferta, que atraiu investidores interessados na pegada ESG, movimentou 1,1 bilhão de reais.

No início da última semana, a empresa passou a receber cobertura de equipe de research do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME). No primeiro relatório, analistas do banco recomendaram a compra da ação, com um upside naquele momento de 59% com preço-alvo em 12 reais. A ação estava sendo negociada a 7,54 reais.

Com a ação a 9,66 reais, ainda há um upside (potencial de valorização) de 24%.

“A Aeris tem fundamentos setoriais atraentes, vantagens competitivas-chave e um posicionamento sólido de mercado”, escreveram os analistas no relatório, elencando a seguir quais são essas características.

Entre esses fatores estão, segundo o relatório, o crescente apelo por energias renováveis; o fato de a Aeris atuar em um mercado consolidado, em que a necessidade de capital e tecnologia configuram barreiras de entrada; excelência operacional; e uma liderança folgada de mercado, com cerca de 70% de market share nas encomendas feitas.

“Tal conjunto de pontos fortes cria uma combinação poderosa de retornos médios de capital acima da média da indústria (ROIC de 38%) e de crescimento impressionante (uma taxa anual composta, ou CAGR na sigla em inglês, de 26% de 2020 a 2024)”, completam os analistas.

A Aeris é controlada pela família Negrão com 61,7% do capital. A família se notabilizou por erguer a farmacêutica de genéricos Medley, que se tornou a maior do país no segmento antes de ser vendida em 2009 à francesa Sanofi por 1,5 bilhão de reais.

Com parte dos recursos, o empresário Alexandre Funari Negrão, conhecido como Xandy Negrão, piloto conhecido de Stock Car, entrou como sócio investidor majoritário da Aeris em 2010. Ele atualmente ocupa a presidência do conselho. O seu filho Alexandre Sarnes Negrão, o Xandinho, é o diretor-presidente desde 2017. Ele é também piloto de automobilismo e casado com a atriz Marina Ruy Barbosa.

Fundada em 2010 por ex-profissionais da Embraer, a Aeris tem fábrica no complexo industrial de Pecém, perto de Fortaleza (Ceará) e em região que concentra alguns dos maiores parques de geração eólica do país.

Segundo o relatório do BTG, a empresa deve encerrar 2020 com um crescimento de 163% nas receitas brutas, que devem chegar a 2,26 bilhões de reais. A geração de caixa operacional (medida pelo Ebitda) deve ficar em 246 milhões de reais, com margem Ebitda de 11,6%. O lucro líquido, por sua vez, alcançaria 127 milhões de reais.

Outro negócio da família é a Fazenda Conforto, em Nova Crixás, Goiás: trata-se de uma das maiores fazendas do país em confinamento de gado de corte.

Fonte: Exame