Cultura
Terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Temporada de música clássica aposta em Beethoven para voltar ao ‘velho normal’

SIDNEY MOLINA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Anunciada nesta quinta-feira (10), a temporada 2021 da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp, segue a tendência –igualmente presente na outra orquestra de ponta brasileira, a Filarmônica de Minas Gerais– de recolher destaques desperdiçados pelos cancelamentos no ano da pandemia e os somar às ideias previstas para o próximo ano.
Dessa forma, o caderno de atrações se esforça para mostrar que a temporada deste ano –totalmente adaptada– tenha permanecido de pé. As sinfonias de Beethoven regidas pelo maestro titular, o suíço Thierry Fischer, seguirão até fevereiro (ele apresenta a quarta e a oitava nesta semana), e pérolas como os adiados recitais do pianista britânico Paul Lewis ocorrerão em abril.
Simultaneamente, surge sobre ela a temporada 2021. A aposta é que, a partir de 11 de março, os concertos poderão voltar a ocorrer em horário único (20h30 às quintas e sextas-feiras, 16h30 aos sábados –atualmente estão sendo feitas duas sessões por dia com público restrito). Ademais, haverá investimentos para que ocorram mais transmissões online.
A nova temporada começa com “Ojí – Chegança e Ímpeto”, estreia de uma encomenda ao baiano Paulo Costa Lima, e “O Pássaro de Fogo”, de Stravinsky, programa conduzido por Fischer, que passará 20 semanas do ano que vem em São Paulo.
Stravinsky (lembrado pelos 50 anos de morte) será um dos destaques, e nas semanas seguintes ao “Pássaro” o público paulista ouvirá “Petoruchka” e “A Sagração da Primavera”. Os concertos de março ainda serão sem intervalo; a partir de abril, a pretensão é retomar o formato comum em duas partes.
O mesmo Stravinsky será destaque também em Belo Horizonte, mas lá as sinfonias de Beethoven -igualmente previstas para 2020– estarão encaixadas na própria programação do novo ano. Outra (esperada) coincidência entre as duas orquestras são as homenagens ao centenário de morte de Saint-Saëns.
Minas Gerais se concentra quase que totalmente em regentes e solistas brasileiros até a metade do ano (o maestro titular Fabio Mechetti e o assistente José Soares regerão a maior parte dos programas), guardando maior variedade para o segundo semestre.
E, se a orquestra mineira também homenageará os 125 anos de morte Carlos Gomes, a Osesp celebrará os cem anos de nascimento de Astor Piazzolla, trazendo obras como “Sinfonia de Buenos Aires”, “Cuatro Estaciones Porteñas” e “Libertango”.
Uma maior aproximação com a música da América Latina passa também a ser mais priorizada em São Paulo com escolhas tais como a do argentino contemporâneo Esteban Benzecry, como compositor visitante, e da pianista venezuelana Gabriela Montero, como artista em residência.
Vale a pena lembrar as encomendas de obras ao cearense Caio Facó, que será compositor visitante do Quarteto Osesp, de obra orquestral a Rodrigo Morte e, em parceria com a Filarmônica de Nova York e outras três orquestras, de um concerto para trombone de Chick Corea.
A Cultura Artística, centenária temporada de concertos internacionais paulista, por seu turno, decidiu condensar todos os concertos só a partir de julho. Além de orquestras (como as de Lucerna), grupos de câmara (com o Trio Wanderer) e da série de violão, terão força total as presenças dos pianistas András Schiff, Maria João Pires e a volta aos palcos de Nelson Freire.
Há programas que, por si mesmos, valem a viagem a Belo Horizonte, como as “Bachianas nº 1” de Villa-Lobos, seguidas pelo “Concerto para violão” de Castelnuovo-Tedesco (com Fabio Zanon) e a “Sinfonia Eroica” de Beethoven, em março; ou o programa que traz Mahler, Wagner e Strauss com participação da cantora Ana Lucia Benedetti, em setembro.
Na Sala São Paulo também é difícil escolher, mas “A Voz Humana”, de Poulenc (com a soprano Anna Caterina Antonacci) seguida pela “Sexta” de Tcahikovsky (em junho); o programa regido por Louis Langrée com a participação do pianista islandês Víkingur Ólafsson (em agosto); ou ainda a obra prima vocal “Paz na Terra”, de Schoenberg, seguida pela “Missa da Harmonia”, de Haydn (com Thierry Fischer, coro e solistas), em outubro, certamente estão entre as opções imperdíveis.