Economia
Terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Uber da saúde: o plano do Fleury para ganhar espaço no seu celular

Fleury está empenhado em deixar de ser apenas uma empresa de diagnósticos. Recentemente, colocou no ar uma aposta na qual investiu 50 milhões de reais e que estava sendo gestada há anos. É a Saúde ID, uma plataforma de saúde cujo objetivo é conectar pessoas e serviços de saúde – um pouco como o Uber faz com o transporte.

A meta do Fleury com a novidade é manter sua relevância no setor. “É uma iniciativa que tem tudo a ver com a estratégia do grupo, que é estar no dia-a-dia das pessoas promovendo bem-estar. Fazemos isso hoje com o conhecimento através dos diagnósticos, mas acaba sendo algo pontual. Com o app, estamos a um toque de distância, e o cliente pode interagir conosco a qualquer momento. A ideia é oferecer uma experiência de saúde mais digital, inclusiva e sustentável”, afirma o presidente do Fleury, Carlos Marinelli.

O negócio já está funcionando e começou com uma carteira relevante, com 7 milhões de vidas, sendo 3 milhões atendidas pelo Fleury e 4 milhões atendidas pela Santécorp, que atua na gestão de saúde em empresas e foi comprada pelo Fleury em 2018. Também trabalha em uma versão voltada diretamente ao consumidor final.

Porém, agora, o principal foco dos executivos à frente da Saúde ID é buscar parceiros interessados em oferecer serviços na plataforma. “Se o Uber não tivesse usuários, não teria motoristas. Se não tivesse motoristas, não teria usuários. É assim que funciona o modelo de plataforma. Então, temos uma massa grande de usuários e estamos atraindo parceiros para oferecer soluções a eles. E nós entramos com a ciência de dados para fazer o match entre usuário e parceiro”, diz Eduardo Oliveira, CEO da Saúde ID.

Por enquanto, a plataforma conta com tecnologia para a realização de consultas via telemedicina e alguns outros serviços voltados aos médicos. Para o usuário final, um dos principais serviços é a unificação das informações, com exames em um só lugar, facilitando o acompanhamento da própria saúde.

No futuro a ideia é oferecer uma gama ampla de serviços, dentre eles venda de medicamentos ou até alimentos recomendados pelo médico, como em um marketplace. A plataforma também pretende ajudar o paciente a encontrar o médico mais indicado para atendê-lo.

Para atrair o maior número possível de parceiros, a Saúde ID vai funcionar como uma empresa separada do laboratório. “Somos apartados do grupo para que não haja nenhuma barreira, e a concorrência possa oferecer seu serviço através da plataforma”, diz Oliveira.

Com a plataforma, o Fleury entra firme em mercado em expansão, que é o da promoção da saúde. Os investimentos na plataforma continuam e serão parte importante do capex do grupo nos próximos anos.  A pandemia do novo coronavírus acendeu o alerta sobre a necessidade de as pessoas se cuidarem. “Precisamos de um olhar de sustentabilidade para a saúde e colocar mais recursos em ações que deixem as pessoas saudáveis. Se não gerenciamos bem esses recursos, teremos menos saúde para menos pessoas”, afirma Marinelli.

O grupo não é o único que olha para o tema. Recentemente, a rede de drogarias RD – Raia Drogasil anunciou o lançamento de um marketplace de saúde. Para o presidente do Fleury, o aquecimento do mercado é positivo. “Não adianta querermos a transformação digital na saúde sozinhos. É positivo que outros abracem essa ideia, isso vai trazer mudanças no comportamento do consumidor”, diz.

Fonte: Exame