ISABELA PALHARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de pais de escolas particulares de São Paulo se reuniu para pressionar o prefeito Bruno Covas (PSDB) a autorizar o retorno das aulas regulares presenciais em outubro. Para o próximo mês, só estão liberadas atividades extracurriculares.
A mobilização teve início quatro dias após Covas anunciar que as escolas da capital poderiam reabrir a partir de 7 de outubro, mas apenas para atividades esportivas, de música, línguas, recreação e acolhimento. A autorização não segue o plano feito pelo governo estadual, que prevê nesta data a volta das aulas regulares presenciais.
Em cinco dias, o grupo recolheu virtualmente a assinatura de pouco mais de 6.900 pessoas. O documento foi entregue à Secretaria Municipal de Educação nesta sexta (25).
“As escolas estão preparadas desde julho para retomar às aulas com segurança, mas não podem porque o prefeito não libera. Não me parece razoável permitir atividades secundárias, com pouca eficácia para as crianças, mas não as aulas de verdade”, diz a advogada Vera Vidigal, mãe de alunos que estudam nos colégios Santa Cruz e Miguel de Cervantes.
A prefeitura diz que estuda o retorno das aulas presenciais para novembro, após a conclusão do quarto inquérito sorológico em crianças e adolescentes da cidade. A última pesquisa do tipo indicou a incidência de anticorpos para o Sars-CoV-2 em 16,5% das crianças de 4 a 14 anos, com maior prevalência nas que estudam na rede pública.
“Não deveriam proibir a escola particular, que se preparou para esse retorno, porque as escolas públicas não receberam esse preparo”, defende Vidigal.
Nos últimos meses, Covas, que tenta a reeleição, sofre pressão de grupos opostos sobre a reabertura das escolas na cidade. De um lado, sindicato de professores pedem que as aulas presenciais só sejam retomadas em 2021, com o argumento principal de que as escolas não foram preparadas para um retorno seguro. De outro, donos de escolas querem a autorização para voltar a funcionar.
Covas, que diz não ceder à pressão de nenhum dos lados, tem adiado a decisão sobre o retorno. Os donos de escolas, ao perceberem que a pressão não surtiu efeito, orientaram os pais a se mobilizarem para pedir o retorno das aulas.
Mãe de 2 alunos do colégio Dante Alighieri, Mariana Guedes, de 42 anos, diz que, apesar do esforço da unidade em manter a qualidade das aulas a distância, as crianças estão desmotivadas e irritadas de ficarem longe dos colegas.
“Os dois [filhos] estão aprendendo porque a escola se esforçou muito em manter a qualidade, mas eles já estão sem motivação, sem concentração, com saudades dos amigos, das professoras. É uma questão comportamental”, diz Guedes, que é fonoaudióloga.
Ela defende que a prefeitura autorize a retomada das aulas em unidades que apresentem protocolo de segurança que atenda a todos os requisitos estabelecidos pelo governo estadual e municipal.
“Quem cumpre o protocolo, pode abrir. Quem não tem, fica fechado. É até uma forma de a sociedade cobrar o poder público de dar estrutura para as escolas públicas reabrirem”, diz.
Para Vivian Zollar, de 38 anos, mãe de um aluno do colégio Ítaca, o retorno gradual primeiro com atividades extracurriculares é importante para a readaptação das crianças, mas ela diz ter sido liberado muito tarde em São Paulo.
“A prefeitura não quer liberar as particulares antes para não ampliar as desigualdades, mas elas já estão acontecendo e se aprofundando a cada dia. Na rede privada, as aulas estão acontecendo a distância, na pública não. Precisamos mudar isso o quanto antes”, diz Zollar, que é nutricionista.
Em nota, a prefeitura disse respeitar qualquer tipo de manifestação, mas reforçou que a decisão sobre o retorno às aulas só acontecerá após o resultado do próximo inquérito sorológico, com previsão de ser concluído apenas na segunda quinzena de outubro.
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