PATRÍCIA CAMPOS MELLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O faturamento dos resorts brasileiros não vai voltar para os níveis pré-pandemia antes de 2022, mas a migração de turistas que desistem de fazer viagens internacionais e cruzeiros pode acelerar a recuperação desses hotéis.
Segundo dados do estudo “Recuperação dos resorts no Brasil”, elaborado pela HotelInvest, Omnibees e STR, em 2020, os resorts brasileiros projetam queda de 61% na receita decorrente de eventos realizados nos hotéis e de 44% de hóspedes que viajam a lazer, na comparação com 2019. Em 2021, o faturamento de eventos ainda será 23% inferior ao pré-pandemia, e o de lazer, 10%.
Resorts são hotéis que oferecem uma gama maior de serviços e áreas de lazer. No Brasil, mais de 90% das pessoas que se hospedam em resorts vão para lazer, enquanto 10% ficam hospedadas para participar de eventos.
“Se a Covid-19 estiver totalmente controlada, 2022 será o primeiro ano em que as pessoas vão conseguir viajar, haverá muita demanda represada. Os resorts servem a um público de maior poder aquisitivo, mais resistente à crise econômica. E, como o real deve ser manter desvalorizado, muitos dos que viajavam para o exterior e faziam cruzeiros podem migrar para resorts”, diz Pedro Cypriano, sócio-diretor da HotelInvest, que faz consultoria para hotéis e administra fundos de investimento no setor.
“Tudo isso deve compensar as perdas pela macroeconomia e crise sanitária, por isso vemos potencial de os números em 2022 superarem 2019.”
Em 2019, brasileiros em viagens ao exterior gastaram US$ 17,5 bilhões, segundo dados do Banco Central. Em julho deste ano, por exemplo, houve queda de 86% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Caso se concretize queda acentuada no gasto no exterior no acumulado de 12 meses de 2020 e parte disso migre para viagens domésticas em 2021, pode ter efeito muito positivo para hotéis no Brasil, diz Cypriano.
No caso dos cruzeiros, no ano passado, 420 mil brasileiros fizeram esse tipo de viagem, e Cypriano acredita que parte passe a viajar para resorts no país.
Os resorts nacionais, aqueles acessados principalmente por avião, como os do Nordeste, devem encerrar 2020 com ocupação entre 22% e 29%, diante de 63% em 2019. Em 2021, a projeção é que a ocupação fique entre 44% e 59%.
Já os resorts regionais, nos quais a maioria dos hóspedes usa carro ou ônibus para chegar, como os localizados no interior de São Paulo, devem encerrar este ano entre 20% e 24% ocupados, diante de 42% em 2019. Para 2021, a projeção é de 30% a 41%.
E os chamados resorts híbridos, que recebem tanto hóspedes regionais como de outros estados, como os de Foz do Iguaçu e Gramado, tiveram desempenho um pouco melhor. Devem encerrar 2020 com ocupação entre 27% e 32%, diante de 63% no ano passado. Em 2021, estima-se que a ocupação fique entre 43% e 58%.
Os resorts regionais, como os do interior de São Paulo, são os que mais dependem de eventos. Com a pandemia, quase a totalidade dos eventos migraram para a internet, e nem todos vão voltar para o formato presencial após a crise. Segundo Cypriano, os hotéis já vinham reduzindo a dependência de eventos nos últimos anos.
“Estamos otimistas”, diz Luís Ferrinho, presidente da Omnibees, empresa que faz gestão de reservas e presta outros serviços para mais de 5300 hotéis no Brasil.
Segundo ele, a porcentagem das pessoas que pesquisam sobre hotéis e acabam efetivando a reserva está crescendo, o que é um bom sinal. Antes, muitas ficavam apenas “sonhando” com as viagens na internet, mas não reservavam.
Em média, antes da pandemia, eram feitas 50 mil reservas por dia em todos os tipos de hotel. No pior momento, em abril, o número de reservas caiu para 2.000. Agora, está em 26 mil a 27 mil.
Os primeiros resorts a se recuperar serão aqueles próximos de grandes centros urbanos, como os de Campos do Jordão, Gramado, Paraty e Angra dos Reis. O Brasil tem cerca de 112 resorts, concentrados no Nordeste e no Sudeste, segundo levantamento da HotelInvest. Até o fim de agosto, 72% dos resorts haviam retomado suas operações.
De qualquer maneira, ainda há restrições para o funcionamento dos estabelecimentos. A ocupação não pode ultrapassar 75%, para que se possa manter o distanciamento, e os voos ainda não foram completamente normalizados –chegaram a apenas 52% do total em outubro, segundo a FGV. Isso atrapalha destinos como o Nordeste, destino para o qual 80% dos hóspedes usam aviões.
Segundo Cypriano, há motivos para otimismo, mas a travessia até 2021 será dura. Para sobreviver a meses de quartos vazios, primeiro, os resorts queimaram a gordura, que é o fundo de reserva. Depois, usaram o dinheiro em caixa.
“Mesmo fazendo isso, poucos conseguiriam resistir a mais de três meses com essa queda brutal de receita”, diz Cypriano.
“Então estão cortando na carne para conter custos –usando as medidas provisórias que permitem suspensão de contratos para reduzir custo com mão de obra, renegociando com fornecedores, postergando pagamento de impostos e injetando recursos próprios.” Ele espera que as medidas do governo sejam prorrogadas.
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