ISABELA BOLZANI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O lucro líquido do Bradesco caiu 40,1% no segundo trimestre de 2020 ante igual período de 2019, para R$ 3,9 bilhões.
A segunda queda seguida, em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Nos primeiros três meses do ano o lucro havia caído 39,8. No entanto, comparando o primeiro trimestre com o segundo trimestre deste ano, o lucro deve leve alta de 3,2%.
O resultado do banco no acumulado do ano é um lucro de R$ 7,6 bilhões -o pior para o período desde 2014, durante a crise, quando registrou lucro de R$ 7,3 bilhões no primeiro semestre.
O novo tombo do segundo trimestre foi causado por mais um forte aumento das reservas para cobrir calotes, consequência dos danos econômicos do coronavírus. O Bradesco -que já havia separado um volume 86% maior de recursos em março para tentar conter os impactos da pandemia- dobrou as provisões feitas entre abril e junho em relação ao mesmo trimestre de 2019.
A alta foi de 154,9%, para R$ R$ 8,9 bilhões. Desse total, foram R$ 3,8 bilhões relacionados ao ramo financeiro e R$ 747 milhões ao ramo de seguros.
Segundo o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, a provisão adicional foi feita conservadoramente com base na incerteza sobre a extensão e a dimensão total da crise do coronavírus.
“As provisões acontecem sempre em função da expectativa de perdas futuras da carteira de crédito e são embasadas em informações históricas e prospectivas. Estamos bem provisionados para o momento, mas continuaremos seguidamente avaliando o cenário e fazendo novos ajustes se for necessário”, disse em entrevista à jornalistas nesta quinta-feira (30).
“O cenário econômico ainda é difícil, mas dá para dizer que aparentemente o pior momento já passou”, afirmou.
Em relatório, o banco também afirmou que seus estudos internos, que são baseados em modelos estatísticos e que refletem a expectativa de perdas do banco em diferentes cenários econômicos indicaram a necessidade de reforço nas provisões.
“Muito embora o tamanho do impacto na economia e a duração da crise ainda seja incerto, continuamos evoluindo em nossas operações de crédito. […] Evoluções que impactam as despesas com PDD [Provisão para Devedores Duvidosos] em função das provisões mínimas requeridas pelo Banco Central”, disse o banco em nota.
Ainda segundo o Bradesco, outra consequência do cenário econômico adverso foi a redução nas receitas com recuperação de créditos e aumento nas despesas com descontos concedidos e impairment (custos com deterioração) de ativos financeiros.
No período, a carteira de crédito expandida do banco atingiu R$ 661,1 bilhões, alta de 14,9%. Esse avanço foi puxado principalmente pelos empréstimos para pessoas físicas, que subiram 12,3%, para R$ 236 bilhões.
Os empréstimos para pessoas jurídicas registraram alta de 16,4%, para R$ 425,1 bilhões, com o crédito para as grandes empresas subindo 18,2% no período, para R$ 310,2 bilhões e os recursos voltados para micro, pequenas e médias empresas com avanço de 11,7%, para R$ 114,9 bilhões.
Em relação aos três primeiros meses do ano, no entanto, a carteira de crédito do banco subiu apenas 0,9%, sendo puxada apenas pelos recursos cedidos às grandes empresas, que subiram 4,5%. Os empréstimos voltados para pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas reduziram 1,3% e 3,6%, respectivamente no período.
Segundo o presidente do Bradesco, já houve uma melhora da confiança, com o pagamento do auxílio emergencial pelo governo e que entre abril e maio foram liberados cerca de R$ 129 bilhões em crédito novo.
“Além disso, é muito provável que tenhamos atingido o pico do custo de crédito no segundo trimestre e há algum espaço para redução, mas sempre a depender da extensão da crise ou de uma eventual reincidência de novos casos”, afirmou.
A inadimplência total acima de 90 dias ficou em 3%, queda de 0,2 p.p. (ponto percentual) ante igual período de 2019 e de 0,7 p.p. em relação ao primeiro trimestre.
Segundo Lazari, em função das prorrogações de vencimentos e renegociações feitas pelo banco nos primeiros meses da pandemia, a expectativa é de que haja um aumento na inadimplência no final deste ano e em 2021.
“Este é o período no qual as prorrogações e renegociações começam a vencer e quando provavelmente vamos sentir esse reflexo. A expectativa é que a inadimplência das prorrogações seja pequena, mas temos que esperar”, afirmou.
O Bradesco prorrogou R$ 61 bilhões desde o início da pandemia. Desse total 93% eram contratos que estavam em dia, 71% possuíam garantia real e 96% estavam com uma nota de crédito (rating) alta.
A margem financeira do banco (principal receita, gerada com operações de crédito) subiu 15,3%, para R$ 16,7 bilhões. Já as receitas com prestação de serviços caíram 7,9%, para R$ 7,6 bilhões e, além do ambiente econômico, também podem ter refletido a maior concorrência nos setores de cartões e investimentos, por exemplo.
Economia
Quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Dólar | R$ 5,18 | 0,000% |
Peso AR | R$ 0,03 | 0,164% |
Euro | R$ 5,59 | 0,000% |
Bitcoin | R$ 114.180,92 | 0,096% |
Exército de Israel prepara ‘saída voluntária’ de palestinos de Gaza
Na esteira da proposta de Donald Trump para remover os palestinos da Faixa de Gaza, o governo de Israel determinou que o Exército do país prepare um plano para o que chamou de “saída voluntária” da população do território em ruínas.A medida foi anunciada nesta quinta (6) pelo ministro Israel Katz, da Defesa. “Dei instruções...
No Mundo
Alta do dólar é ‘arapuca’ da gestão anterior do BC, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na manhã desta quinta-feira (6), que o aumento do dólar aconteceu porque o Banco Central teve uma gestão “totalmente irresponsável e deixou “uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para a outra”.A fala de Lula foi feita em entrevista às rádios Metrópole...
Economia
Aspen mistura esqui, ostentação e natureza para criar identidade própria
É no início do ano que desembarcam em Aspen os “brazilionaires”, apelido que que os moradores dão aos brasileiros endinheirados que desfrutam o luxo da famosa estação de esqui nas montanhas do Colorado, região central dos Estados Unidos.Depois dos americanos e dos australianos, os brasileiros e os mexicanos são os principais responsáveis por quadruplicar o...
Turismo
Itaú anuncia o pagamento de R$ 15 bilhões em dividendos
O Itaú Unibanco anunciou nesta quarta-feira o pagamento de R$ 15 bilhões em dividendos e juros sobre o capital próprio adicionais após fechar o ano passado com lucro líquido recorrente de R$41,4 bilhões, crescimento de 16,2% em relação a 2023. O Itaú, que é maior banco do país em ativos também aprovou um programa de recompra até 200...
Negócios
Rubens Ricupero: “Não convém falar em se aproximar da China após tarifas de Trump”
O ex-ministro da Fazenda conversou com o InfoMoney sobre os riscos e oportunidades para o Brasil em meio ao tarifaço de Donald Trump “Não vejo ninguém que até agora esteja ganhando com isso. Nem os americanos vão ganhar alguma coisa com isso”, afirma o embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente. Em...
Economia
Café deve ficar cerca de 25% mais caro nos próximos meses, alerta Abic
Indústria cafeeira teve alta maior que registrada nas gôndolas do supermercado e deve repassar parte do aumento de 2024 ao consumidor ainda neste primeiro trimestre O preço do café no varejo cresceu em 110% nos últimos quatro anos, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Em 2024, o avanço no custo...
Agronegócio
Galípolo e Lula dão sinais de descompasso
Seguindo a estratégia de tentar ressignificar a imagem ruim do governo demonstrada nas recentes pesquisas de opinião, governistas unificaram o discurso. Do Palácio do Planalto, passando pelo Congresso e pela Esplanada dos Ministérios, todos repetem como um mantra que a inflação vai cair com o recuo da taxa de câmbio e uma safra maior este ano,...
Economia