DANIEL CARVALHO E JULIA CHAIB
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após dias de ataques nas redes sociais por parte de apoiadores ligados ao escritor Olavo de Carvalho e a políticos evangélicos, Renato Feder afirmou neste domingo (5) que recusou o convite de Jair Bolsonaro (sem partido) para assumir o Ministério da Educação (MEC). No final de semana, CNN e Globonews noticiaram que o governo já havia desistido do convite.
“Recebi na noite da última quinta-feira uma ligação do presidente Jair Bolsonaro me convidando para ser ministro da Educação. Fiquei muito honrado com o convite, que coroa o bom trabalho feito por 90 mil profissionais da Educação do Paraná. Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro, por quem tenho grande apreço, mas declino do convite recebido. Sigo com o projeto no Paraná, desejo sorte ao presidente e uma boa gestão no Ministério da Educação”, escreveu Feder.
Secretário de Educação no Paraná, Feder já havia sido cotado desde a saída de Abraham Weintraub. No entanto, ele acabou sendo preterido, e o comando foi entregue a Carlos Alberto Decotelli.
Após a passagem relâmpago de Decotelli pelo ministério, Feder voltou a ser cotado e, desde o final da semana passada, tem sido alvo de apoiadores mais ideológicos de Bolsonaro.
A Folha tentou contato com Feder neste domingo, mas ele não atendeu as ligações nem respondeu as mensagens.
No sábado (4), já havia notícias de que Feder havia sido descartado. Na manhã deste domingo, o secretário do Paraná publicou em suas redes sociais uma longa publicação em que rebate ataques que recebeu.
Segundo relatos de pessoas próximas ao secretário, Feder e Bolsonaro conversaram na quinta-feira (2), trocaram mensagens sobre gestão do MEC e combinaram silêncio absoluto.
Desde sexta (3), pessoas próximas a Feder diziam temer que a ofensiva desse certo e que o presidente voltasse atrás na decisão, como ocorreu.
O MEC é alvo de disputas entre diferentes alas de influência do governo desde o ano passado, e cada grupo insiste em emplacar um indicado que atenda sua agenda.
Após o presidente ter confirmado a escolha a aliados, setores da base de Bolsonaro entraram em campo para tentar revertê-la.
De acordo com pessoas ligadas a militares do Planalto, líderes de grandes igrejas evangélicas ligaram para o presidente questionando o presidente sobre a decisão.
Um dos principais nomes da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) escreveu na sexta em uma rede social que a escolha do novo ministro é do presidente, mas que “minha única observação é que o escolhido só não deve ser um ideologicamente ‘neutro’, tem que ser um conservador de raiz! Que Deus ilumine nosso presidente nesta escolha!”.
Evangélicos também compartilharam um tuíte do apresentador e empresário Luciano Huck, virtual adversário de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, e, por isso alvo da rejeição do grupo mais ideológico..
“Que a juventude do novo ministro traga modernidade e não insegurança. Que ele não fique mais realista que o rei ou preso a ideologias regressistas”, dizia a publicação.
A aliados, Feder já havia demonstrado sua irritação com a apatia do governo diante dos ataques que vinham sendo desferidos contra ele, inclusive por integrantes da gestão Bolsonaro.
Os dois teriam um encontro na segunda-feira (6), mas a reunião foi desmarcada por um interlocutor do presidente, o que foi interpretado por Feder como falta de consideração, ainda de acordo com pessoas próximas ao secretário do Paraná.
Neste domingo, fez 12 publicações para apresentar seus argumentos “diante de muitas informações falsas divulgadas ao meu respeito”.
Ele menciona seu currículo, nega ser vinculado a alguma ONG (organização não-governamental) e nega que, como secretário de Educação do Paraná, tenha divulgado material com “ideologia de gênero”.
“É falso que tenha havido divulgação de livros com ideologia de gênero no Paraná. Não existe nenhum material com esse conteúdo aprovado ou distribuído pela Secretaria”, escreveu.
“Tenho convicção de que a minha missão de vida é ajudar na educação do nosso país, sinto-me feliz fazendo esse trabalho e podendo devolver ao Brasil um pouco das bênçãos que recebi na vida”, diz em outro trecho.
Há uma série de nomes na lista de cotados para assumir a pasta, como o atual reitor do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), Anderson Correia, que conta com apoio dos evangélicos, por evangélico conservador.
Também figuram na bolsa de apostas o nome do professor Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) nos primeiros meses do governo Bolsonaro, do conselheiro do CNE (Conselho Nacional de Educação) Antonio Freitas, do ex-secretário da área em Santa Catarina, Eduardo Deschamps, que presidiu o Conselho Nacional de Educação na gestão de Mendonça Filho (DEM) na pasta, além do professor Aristides Cimadon, reitor da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc).
Outro cotado é o coronel e doutor em engenharia aeroespacial José Gobbo Ferreira, que vem ganhando apoio dentro da ala militar do governo.
Até o final da tarde deste domingo, Bolsonaro não havia se manifestado sobre quem comandará o Ministério da Educação.
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