EDUARDO CUCOLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Maior banco privado do país, o Itaú Unibanco descarta abrir mão da ampla base de clientes, diz que a XP Investimentos, da qual é sócio, é apenas mais um concorrente, e afirma ter como oferecer aos correntistas opções de investimento melhores que a de grandes corretoras, com uma vantagem: sem aquilo que a instituição vê como conflito de interesse entre investidores e assessores financeiros.
O banco criou polêmica nesta terça-feira (23) ao lançar uma peça publicitária, a primeira da nova campanha do segmento Personnalité, na qual questiona o modelo de remuneração de agentes autônomos, que podem ser incentivados a oferecer produtos que pagam a eles comissões maiores.
O filme foi criticado por representantes dos agentes, de corretoras e por Guilherme Benchimol, presidente e fundador da XP, que publicou uma “resposta aos ataques do Itaú”. O banco comprou em 2017 49,9% da corretora.
Carlos Sanches, diretor de Produtos de Investimento e Previdência do Itaú Unibanco, afirma que a campanha quer, em um tom bem-humorado, lançar uma discussão sobre práticas que podem ser aprimoradas.
“A gente tem um modelo que é extremamente alinhado com os interesses dos clientes, e existem outros modelos que não necessariamente têm esse alinhamento. O nosso especialista de investimento recebe a mesma coisa se o cliente investir no Tesouro Direto, em que a gente não cobra nenhuma taxa, ou em um fundo sofisticado, multimercado, em que a taxa é de 2%”, afirmou Sanches em entrevista à reportagem.
“Tem muita gente que nunca pode ter pensado que havia conflito de interesse em um modelo de distribuição [do agente autônomo].”
Questionado sobre a estratégia de fortalecer a marca Itaú e questionar um modelo utilizado pela XP na oferta de investimentos, Sanches afirma que o banco tem 25% do mercado de investidores pessoa física e pretende crescer ainda mais.
“Não é uma discussão específica sobre competidor A ou B. A gente tem uma participação acionária relevante, mas a XP é um concorrente nosso como Banco do Brasil, Bradesco ou Santander. É assim que a gente trata. Competição é sempre muito bom”, afirma.
“Somos acionistas lá, mas a gente tem uma base de clientes que representa praticamente 25% do mercado, e a ambição é de crescer ainda mais. Uma coisa não conflita com a outra. Se o modelo de distribuição evoluir, melhor para todos, o cliente vai ganhar.”
Felipe Wey, diretor do Itaú Personnalité, afirma que a campanha coincide com os 25 anos da marca e vai buscar também mudar a forma de comunicação com os clientes tradicionais e as novas gerações. O banco enquadra no segmento clientes de alta renda.
“A marca Personnalité continua sendo importante para nós e para os clientes. A gente percebe que tem muitas coisas boas que a gente precisava falar, produtos de crédito com taxas e condições especiais, assessoria financeira completa, produtos com uma curadoria em que a gente faz uma recomendação isenta, que não tem comissão por vender produto A ou B. Sempre respeitante o perfil do cliente, o apetite de risco e valorizando uma relação de longo prazo”, afirma.
“A gente quer contar isso mais diretamente, de maneira mais clara e mais moderna, pensando nos próximos 25 anos.”
Os executivos afirmam que o banco tem hoje como diferencial uma capacidade de análise de dados, com 2 bilhões de simulações por mês, que permite fazer recomendações de investimentos aos clientes com muito mais precisão e mais alinhadas com cada perfil.
“A gente está falando de um modelo em que não tem conflito na remuneração e em que as recomendações são feitas de maneira centralizada. A gente deixa pouco espaço para o nosso especialista escolher um produto A ou B”, afirma Sanches.
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