Por Rodrigo Ricardo – Repórter da Rádio Nacional
Equilíbrio e coordenação são algumas das habilidades desenvolvidas por quem se se arrisca em cima de uma prancha de skate, esporte com aproximadamente 8,5 milhões de praticantes somente no Brasil, segundo pesquisa realizada em 2017 pelo instituto Datafolha. Aos 43 anos, o maior vencedor do X-Games – considerada a Olimpíada dos esportes radicais – o carioca Bob Burnquist sabe como ninguém aproveitar as lições do esporte na vida real. Em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19), o skatista transformou o espaço do restaurante de sua propriedade na Ilha da Gigóia, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), na sede do Instituto Bob Burnquist (IBB), fundado recentemente.
“A solidariedade sempre existiu e agora muito mais. Em meio ao caos, portas se fecham e outra se abrem. Nasce o IBB, com uma visão holística para conectar ações sociais, potencializá-las e trazer a mensagem para a molecada de que eles podem fazer o que quiserem”.
Pela primeira vez na história das Olimpíadas, adiadas para julho de 2021, o skate será uma modalidade oficial. Contudo, para Burnquist, isto não é o principal agora. “É um evento bacana e que já tem o seu planejamento, mas o mais importante neste momento é focar na vida. A sociedade levou um tombo e não precisa entrar em desespero, porque vai se recuperar. É como o skatista. Eu mesmo já tive várias lesões e precisei ficar parado por meses. Após esse choque de realidade, com passagem por esta experiência grave, temos que enxergar outra perspectiva para construir um novo mundo”, defende o multicampeão.
Burnquist também comentou sobre a morte do colega João Maurício, conhecido como João Cabeção, na última quarta-feira (6), vítima de covid-19, aos 47 anos.Skatista carioca, João Cabeção ficou nacionalmente conhecido nos anos de 1980, ao vencer uma etapa do campeonato brasileiro profissional sendo um amador. “Notícia difícil, que entristece. Você vê que não tem idade, classe, raça”, lamenta, ressaltando o pioneirismo de João nas pistas no Rio de Janeiro. “Inspirou a muitos”.
Filho de pai norte-americano e mãe brasileira , Bob ganhou o primeiro skate aos 11 anos e ainda não abandonou as competições e exibições. Especialista em megarrampas – estruturas com 24 metros de altura, ou mais – Burnquist mandou contruir uma em sua casa na Califórnia (Estados Unidos). “Estou no Rio com a família e, em tempos normais, fico o tempo todo nesse vai e volta para os Estados Unidos, onde tenho a Dreamlandia Syntropia [complexo de agricultura e pistas de skate], explica Burnquist, lembrando que a edição deste ano do X-Games, programada inicialmente para julho, foi cancelada.