ALEX SABINO E BRUNO RODRIGUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A palavra “protocolo” foi inserida no dicionário do futebol brasileiro por causa do coronavírus. CBF (Confederação Brasileira de Futebol), federações estaduais e clubes trabalham para montar uma série de regras vistas como essenciais para o retorno do esporte, interrompido desde a metade de março em razão da pandemia.
A intenção, porém, esbarra na realidade de um país que contabiliza centenas de mortes a cada dia e não dá sinais de ter atingido o pico da transmissão da Covid-19.
O período de férias dos jogadores da Série A do Campeonato Brasileiro se encerra oficialmente nesta quinta-feira (30), com retorno aos treinos previsto originalmente para sexta (1º). Mas a liberação para a volta das atividades não depende só do desejo de alguns clubes e federações, que fazem pressão principalmente pelo fato de acumularem perdas financeiras.
Uma volta controlada requer aval dos governos estaduais, responsáveis por determinar as políticas de controle da pandemia para cada região. A autonomia dos estados dificulta a elaboração de um protocolo uniforme a ser seguido por equipes de diferentes cantos do país, plano imaginado pela CBF.
“O mais importante é que existam determinações que possam ser seguidas por todos os clubes”, afirma o médico Jorge Pagura, que lidera grupo de estudos para a elaboração de um protocolo nacional, a ser distribuído pela entidade nos próximos dias.
Apesar disso, federações como as de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul trabalham na montagem de regras locais para seus filiados, assim como os próprios clubes.
O que foi divulgado dos protocolos não difere muito de um estado para outro. “O importante é que todos adotem o mesmo protocolo e ao mesmo tempo, para que não exista nenhuma lacuna”, diz Moisés Cohen, presidente da comissão médica da FPF (Federação Paulista de Futebol).
Na segunda (4), ele deverá ter uma nova reunião com David Uip, coordenador do comitê de contingência para controle do coronavírus em São Paulo. A FPF deseja uma sinalização positiva de que a volta do futebol é viável.
Dirigentes de clubes paulistas disseram à reportagem que, a princípio, a ideia é que os jogadores se reapresentem das férias até 10 de maio, treinem por duas semanas e no final do mês o Campeonato Paulista, paralisado desde o dia 16 de março, reinicie com portões fechados. A quarentena em São Paulo está vigente até pelo menos o dia 11 de maio.
Outro aspecto que pode dificultar o retorno aos treinos é a vontade dos jogadores. Na quarta (29), o atacante Alexandre Pato, do São Paulo, questionou a ideia de retomada imediata do esporte. “A volta ao futebol? Estou com saudades sim de jogar futebol, mas ao mesmo tempo sei o quanto prezo pela minha saúde. Vejo essa movimentação que estão fazendo para voltar. Mas seria isso o melhor cenário hoje?”
Entusiasta da volta dos jogos, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta (30) que jogadores de futebol, se acometidos pelo coronavírus, têm baixo risco de letalidade.
Bolsonaro ainda afirmou que a decisão pelo retorno não cabe ao governo federal, mas que tanto o Ministério da Saúde como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deverão publicar em breve recomendações.
O protocolo da Federação Paulista, por exemplo, inclui isolamento de jogadores e profissionais essenciais. Antes disso, todos terão de ser testados para o coronavírus (não está claro qual procedimento será adotado no caso de teste positivo). O mesmo vai valer para os árbitros.
É plano semelhante, mas menos detalhado do que o elaborado pela Ferj (Federação Estadual do Rio de Janeiro), que pede para que os clubes tenham estoque de álcool em gel, máscaras, roupas de proteção e outros equipamentos necessários para prevenção. Outra recomendação é que os jogadores se dirijam ao estádio e aos treinos em seus carros particulares, façam as refeições em casa e lavem seus uniformes.
“Nós ainda discutimos esse assunto, porque precisamos ter um protocolo, mesmo que não exista uma data para a volta do futebol”, afirma o presidente da Federação Mineira, Adriano Ano.
A posição de cautela também foi adotada pelas federações de Pernambuco e Bahia, que afirmam seguirem a orientação dos governos locais, que consideram precoce a possibilidade de retorno Já a Federação Gaúcha aguarda as determinações da CBF antes de definir o retorno.
Coritiba e Athletico já possuem protocolos próprios, que incluem testes em atletas e comissões técnicas nas vésperas dos jogos, utilização de roupas de proteção e máscara na chegada ao estádio.
A Federação Catarinense enviou um plano de 27 páginas para o governo estadual, com procedimentos similares aos citados, para retomar seu estadual em 16 de maio, mas teve seu pedido negado.
Esportes
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