THIAGO RESENDE, RICARDO DELLA COLETTA E LARISSA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Paulo Guedes (Economia) disse ontem (19) que a economia deverá recuar 4% neste ano, uma previsão menos negativa que a apresentada anteriormente.
A previsão oficial do Ministério da Economia, no entanto, continua sendo uma queda de 4,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020.
Em vídeo gravado para evento promovido pela Câmara de Comércio Estados Unidos-Brasil, Guedes lembrou que, há alguns meses, instituições internacionais chegaram a prever um recuo de 10% ou mais na economia do país, mas que as projeções estão melhorando.
“Nós achamos que será muito menor do que isso. Achamos que será 4% de queda [em 2020]”, declarou. Ele voltou a afirmar que a atividade econômica brasileira está se recuperando e citou a criação de quase 250 mil vagas formais de trabalho em agosto.
Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que espera queda de 4,5% no PIB. Ele participou de evento virtual promovido pelo Milken Institute nesta segunda-feira (19).
A previsão é melhor do que a apresentada no último Relatório de Inflação da autoridade monetária, em setembro, que era de retração de 5% na atividade.
“Entre os emergentes, fomos o país que mais gastou na pandemia, com o auxílio emergencial e outras medidas, mas também fomos o que caiu menos e que teve recuperação mais forte”, disse Campos Neto.
A queda esperada pela autarquia é menor também do que a estimada pelo Banco Mundial no início deste mês, de 5,4%.
Segundo boletim semanal divulgado pelo Banco Central, o mercado financeiro espera uma retração de 5% no PIB neste ano.
Em discussão sobre medidas para estimular a economia após o tombo causado pela Covid-19, Guedes defendeu a manutenção do teto de gastos, regra que impede o crescimento de despesas públicas acima da inflação.
Apesar de divergências internas no governo sobre essa norma, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo o ministro, também quer a sustentação do teto de gastos. “O presidente está claramente do nosso lado”, afirmou Guedes.
Diante da pressão no Orçamento, que tem cerca de 95% de gastos obrigatórios, o ministro disse que tentará aprovar no Congresso medidas para reduzir essas despesas fixas, abrindo margem para outras.
Por isso, ele voltou a falar da necessidade de desindexar o Orçamento e, a partir de 2021, retomar a agenda de controle fiscal, já que, por causa da pandemia, foram autorizados gastos extraordinários em 2020.
De acordo com o ministro, o abandono do teto de gastos só deveria ser discutido após a aprovação de medidas como a desindexação e desvinculação do Orçamento.
Guedes ainda fez um balanço das ações adotadas pelo governo para enfrentar a crise econômica causada pelo coronavírus, como o programa para preservar empregos formais, medidas de estímulo ao crédito.
“O Brasil gastou 10% do PIB nessa operação de socorro, preservando vidas e empregos”, disse o ministro, reforçando que isso foi necessário e bem aplicado.
Para acelerar a recuperação da economia, Guedes voltou a defender reformas estruturais, como a reestruturação do funcionalismo público e a reestruturação do sistema tributário, além dos processos de privatização.
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