
Representação afirma que parlamentar violou liberdades constitucionais ao pressionar empresas a demitir funcionários por postagens sobre o ativista morto
Nove deputados do PSOL protocolaram na terça-feira (16) representação no Ministério Público do Trabalho (MPT) pedindo investigação contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL). O grupo acusa o parlamentar de incentivar a demissão de trabalhadores que publicaram mensagens críticas sobre a morte do comentarista americano Charlie Kirk, assassinado em 10 de setembro nos Estados Unidos.
Segundo a denúncia, obtida pelo jornal Folha de S.Paulo, Nikolas vem pressionando empresas e órgãos públicos nas redes sociais para que afastem funcionários que se manifestaram contra Kirk. Em algumas ocasiões, houve desligamentos. A representação aponta abuso de direito e assédio laboral por motivos de convicção política, o que violaria liberdades previstas no artigo 5º da Constituição.
Os deputados também pedem que o empresário Tallis Regence Coelho Gomes seja investigado por apoiar a campanha e divulgar a hashtag #DemitaExtremistas.
Entre os casos citados estão o pedido de demissão de um funcionário do Theatro Municipal de São Paulo e a pressão sobre a Vogue Brasil para dispensar a stylist Zazá Pecego, que nega ter comemorado a morte de Kirk. A profissional foi desligada da empresa na sexta-feira (12). Em outras postagens, Nikolas celebrou a demissão de um médico em Recife e disse que continuará expondo trabalhadores.
“Trata-se de uma campanha, orquestrada pela extrema direita, de perseguição e amedrontamento dos trabalhadores em razão de suas opiniões e convicções políticas não alinhadas às pautas da extrema direita”, escreveram os parlamentares.
À Folha, Nikolas afirmou que a única reação que tem à representação dos psolistas é “mandar eles caçarem um lote para capinar”. Já Tallis afirmou estar “orgulhoso” de lutar contra o extremismo e defendeu que celebrar a morte de pessoas “não merece emprego”.
A representação é assinada por Guilherme Boulos, Erika Hilton, Célia Xakriabá, Henrique Vieira, Ivan Valente, Luciene Cavalcante, Talíria Petrone, Tarcísio Motta e Paulo Lemos. O MPT ainda não se manifestou sobre os próximos passos.
Fonte: InfoMoney