
O CEO da Global Eggs, Ricardo Faria, também conhecido como ‘Rei do Ovo’, aponta que há um efeito ‘praticamente nulo’ do tarifaço para a companhia, que tem uma operação em solo americano três vezes maior do que no Brasil, mas lamenta os impactos para o ramo do agronegócio brasileiro, dado que o nível das alíquotas – na casa dos 50% – inviabiliza economicamente a exportação de ovos aos Estados Unidos. O empresário participou da 26ª Conferência Anual do Santander nesta terçfa-feira, 19, em São Paulo.
“O Brasil vem trabalhando ao longo dos anos de uma maneira muito forte para conseguirmos abrir essas portas. Imagine que da exportação total do Brasil, a operação da Granja Faria representava 70% da exportação de ovos. A gente mandava pros Estados Unidos 36 contêineres por semana. A gente manda seis contêineres por semana pro Japão. Mas é uma pena de fato que que os Estados Unidos se fecha. Toda a expansão que a gente vinha fazendo aqui no Brasil, a gente também tira o pé”, relata.
“O efeito para Global Eggs ele é nulo. À medida que Brasil não manda, o preço dos Estados Unidos sobe. A nossa operação nos Estados Unidos é três vezes maior que que a operação brasileira. Então, o efeito da Global Eggs é nulo, até levemente positivo. Agora, pro Brasil realmente é uma pena, porque é um esforço de muitos anos”, completa.
Mais cedo, no mesmo evento, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, declarou que os esforços da negociação para com os Estados Unidos, no momento atual, são pelo aumento da lista de exceção de itens no âmbito do tarifaço.
Questionado sobre uma eventual inclusão dos ovos na lista de exceção do tarifaço, Faria declarou que ‘não tem conversado com o governo’ sobre o tema mas espera que o executivo consiga aumentar a lista de exceções.
“Eu não conversei com o governo a respeito dos dos ovos, mas acho que o governo vem se esforçando no intuito aí de excluir itens dessa pauta. Toda vez que tem isso de tarifa para lá, tarifa para cá, quem paga no final é o consumidor”, disse à IstoÉ Dinheiro.
Rei do ovo fala em agilidade nas licenças
Ao falar sobre a operação nos EUA, Ricardo Faria destacou que em solo americano as licenças para operações de granjas e empreendimentos análogas tem grande agilidade nas aprovações junto aos órgãos reguladores.
Nesse sentido, frisa que é possível a chamada ‘licença silêncio’ – quando não há uma liberação em até 30 dias, automaticamente a licença é liberada.
“Diferente da Europa, com granjas e muito maiores, uma licença nos Estados Unidos demora horas ou semanas. Já é uma visão e uma cultura que dá uma possibilidade de expansão muito diferente”, disse.
Guilherme Campos, Secretário de Política Agrícola, que também integrava o painel, concordou com que ter uma burocracia mais ágil no Brasil favoreceria o setor produtivo.
Além disso, ambos destacaram que os padrões sanitários do agronegócio brasileiro estão ‘dentre os melhores do mundo’. Na ocasião, Campos relembrou o episódio do Carrefour com a carne de origem nacional.
“O Brasil já deixou de ser o celeiro do mundo. O Brasil é o supermercado do mundo, porque o Brasil fornece do jeito que o cliente quer”, disse o secretário.
Fonte: IstoéDinheiro