No Mundo
Quarta-feira, 18 de junho de 2025

Irã diz ter lançado míssil hipersônico Fattah em Israel; Khamenei: “Batalha começou”

Modelo tem capacidade para viajar cinco vezes a velocidade do som; lançamento ocorre após ameaça de que realizaria um ataque que seria lembrado ‘por séculos’

A Guarda Revolucionário do Irã anunciou nesta terça-feira (17) ter lançado um míssil hipersônico contra o território israelense, segundo informações da imprensa local. O modelo, conhecido como Fattah-1, tem capacidade para viajar cinco vezes a velocidade do som (mais de 6 mil quilômetros por hora).

“A 11ª onda da orgulhosa Operação Promessa Verdadeira 3, utilizando mísseis Fattah-1”, foi realizada, informou a Guarda Revolucionária em comunicado divulgado pela televisão estatal, alegando que as forças iranianas “conquistaram controle total sobre os céus dos territórios ocupados”. Mais cedo, Israel e EUA afirmaram ter tomado o controle dos céus do país persa.

Premier de Israel defende que população se levante, ao mesmo tempo em que intensifica ataques aéreos, mas há pouca disposição no país para protestosIsrael ataca locais de produção de mísseis em Teerã com mais de 50 jatosTel Aviv insiste que o regime iraniano está enriquecendo urânio para armas nucleares e diverge de especialistas dos EUA

Logo após o anúncio, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou que “em nome do nobre Haidar, a batalha começou”, em uma publicação nas redes sociais. Haidar é um nome frequentemente usado por Ali. Os muçulmanos xiitas o consideram o primeiro imã e sucessor do profeta Maomé.

O lançamento ocorre após uma ameaça feita mais cedo pelo país persa, alegando que faria um ataque esta noite que seria lembrado “por séculos”.

Conheça o míssil

O Fattah é um dos mísseis mais avançados no arsenal iraniano, segundo especialistas. A mídia do Irã o descreve como um míssil “hipersônico”, o que significa que ele viaja a cinco vezes a velocidade do som (cerca de 6.100 quilômetros por hora).

O termo “hipersônico” costuma ser usado para se referir a veículos planadores ou mísseis de cruzeiros avançados que podem manobrar a essa velocidade dentro da atmosfera terrestre, o que os torna mais difíceis de abater. Porém, o Fattah não corresponde a nenhum dos dois tipos de dispositivo na prática.

De acordo com o Iran Watch, um monitor sobre as capacidades bélicas iranianas ligado ao Projeto Wisconsin para Controle de Armas Nucleares, o Fattah é um míssil balístico com um motor de foguete movido à combustível sólido adicional em seu veículo de reentrada na atmosfera. A Tasnim noticiou nesta segunda-feira que as ogivas do Fattah possuem motores alimentados por combustível sólido com um bico móvel, o que permitiria que o míssil se movesse em todas as direções.

Em meio a troca de ataques entre Irã e Israel em outubro do ano passado, mísseis Fattah já haviam sido utilizados pelas forças iranianas. Naquele período, o pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, Fabian Hinz, já havia detalhado que a ogiva acoplada a um “veículo de reentrada manobrável”, permitia que ajustes de rota fossem feitos para evitar defesas antimísseis durante uma pequena parte do seu mergulho em direção ao alvo.

Na segunda-feira, Teerã já havia anunciado ter lançado um míssil Fattah contra alvos em Haifa, Tel Aviv e Bnei Brak.

O novo lançamento acontece no sexto dia de trocas de ataques entre Irã e Israel, cuja ofensiva teve início na quinta-feira após uma operação em larga-escala promovida por Tel Aviv contra o programa nuclear iraniano. Mais cedo nesta terça, o presidente americano, Donald Trump, pediu a “rendição total” de Teerã, enquanto os EUA moviam caças em direção ao Oriente Médio.

O republicano ainda subiu o tom contra Khamenei: “sabemos exatamente onde” o aiatolá Ali Khamenei “está se escondendo”, acrescentando: “Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos nos livrar dele (matar!), ao menos por enquanto. Mas não queremos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos. Nossa paciência está se esgotando”, afirmou, referindo-se à possibilidade de o Irã atacar alvos dos EUA na região.

Fonte: Agência O Globo