Política
Sábado, 17 de maio de 2025

STF proíbe gravação de depoimentos no processo contra Bolsonaro por golpe

Jornalistas poderão acompanhar audiências, mas sem gravar áudios ou vídeos, segundo decisão da Corte

O Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou nesta quarta-feira (14) que as audiências com testemunhas no processo que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado não poderão ser gravadas em áudio ou vídeo por jornalistas. A decisão, baseada no artigo 210 do Código de Processo Penal (CPP), tem o objetivo de garantir a incomunicabilidade entre os depoimentos das testemunhas.

Segundo o STF, o artigo 210 do CPP, instituído em 1941, determina que “as testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras”. A Corte esclareceu que a medida visa proteger a integridade dos relatos e evitar influências externas nos depoimentos.

A decisão do STF se apoia no artigo 210 do Código de Processo Penal, mas entra em conflito com o princípio da publicidade dos atos processuais, garantido pela Constituição Federal. O artigo 5º, inciso LX, da Carta Magna, determina que a publicidade só pode ser restringida para proteger a intimidade ou por interesse social.

Como será o acesso da imprensa

Apesar da proibição de gravações, os jornalistas — nacionais e internacionais — poderão acompanhar os depoimentos por meio de um telão instalado na sala da 1ª Turma do STF. No entanto, fotógrafos e cinegrafistas não terão acesso ao local. A gravação oficial das audiências será feita pelo próprio tribunal, e o conteúdo poderá ser divulgado apenas após o término de todas as oitivas, previsto para o dia 2 de junho.

Estão agendados 82 depoimentos, incluindo os de ex-comandantes das Forças Armadas, como Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica), além dos governadores Tarcísio de Freitas (SP) e Ibaneis Rocha (DF).

Críticas e reação da imprensa

A decisão gerou críticas da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que defendeu a necessidade de transparência e o direito da sociedade de ter acesso às informações. Em nota, a entidade destacou que o caso envolve autoridades públicas e que a divulgação das falas não comprometeria a integridade dos depoimentos.

“A Abraji pede ao STF que considere, ao adotar essas regras, seu dever de proteção da liberdade de imprensa e do direito de informar, para que a população tenha acesso a informações de alto interesse público”, afirmou a associação.

Fonte: InfoMoney