Economia
Domingo, 30 de março de 2025

Alta no preço do cacau fará Páscoa de 2025 ter menos ovos de chocolate no Brasil

Páscoa de 2025 terá menos ovos de chocolate no mercado brasileiro. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) estima que serão fabricados neste ano 45 milhões de ovos para a Páscoa 2025 contra 58 milhões em 2024, uma redução de 22%. 

No ano passado, a produção total de chocolates no Brasil cresceu 3% e fechou 2024 com um total de 803 mil toneladas. 

A explicação para o cenário mais pessimista para 2025 passa pelo aumento de mais de 180% no preço do cacau em 2024, o que está fazendo com que as indústrias do ramo invistam em produtos com tamanhos menores, recheios diversos e formatos alternativos para oferecer opções e preços atrativos aos consumidores.

Em meio a disparada mundial nos preços do cacau, o preço de chocolates em barra e bombons acumulam uma alta de 16,53% em 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.

Mesmo com um número menor de ovos nas prateleiras, a quantidade de opções oferecidas neste ano pelos fabricantes aumentou. São 803 tipos de produtos diferentes, com 93 lançamentos a mais em relação a 2024.

Questionada pela IstoÉ Dinheiro sobre a redução da produção de ovos na Páscoa de 2025, a Abicab afirmou que a alta no preço do cacau fez com que as indústrias optassem por produtos em diferentes gramaturas e formatos, e que as estratégias adotadas pelas empresas buscam evitar o repasse da alta do preço da matéria-prima aos consumidores.

“Se falta no mundo o insumo principal – o cacau, isso se reflete na produção. [O menor número de ovos] Não foi opção da indústria, é a lei do mercado. A indústria evita repassar o aumento de mais de 200% no preço do cacau para o produto final”, afirmou a Abicab.

O discurso das maiores indústrias do ramo é de que não houve mudanças nas receitas dos chocolates para baratear os custos.

“A composição de preço do produto depende de vários outros ingredientes e custos. A gente fala de processo de produção, mão de obra, distribuição, logística e a própria precificação do varejo. No nosso caso, buscamos uma maior eficiência em todos esses aspectos para garantir que o preço do produto não tenha um impacto grande se falando em preço final”, disse Fernando Careli, diretor de Assuntos Corporativos da Ferrero para a América Latina, em evento da Abicab de lançamento da temporada de Páscoa.

Reduflação?

O economista e especialista em gestão de supermercados Leandro Rosadas, alerta que a diminuição de peso de ovos de chocolate é prejudicial para o consumidor quando usada para camuflar aumento de preço.

Entre as opções de ovos encontrados nas prateleiras neste ano, há desde os tradicionais de 200 e 300 gramas, como também opções em pesos “alternativos” como 134 g, 157 g, 277 g e 357 g.

“As indústrias focaram na redução de cacau dos produtos. Eles também mudam a gramatura para fingir uma ‘inflação que o consumidor não vê’. Dessa forma, as indústrias entregam o mesmo produto com o mesmo preço, porém, elas diminuíram a gramatura e usaram menos insumos para a produção dos itens”, afirma.

Fonte: IstoéDinheiro