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Segunda-feira, 19 de maio de 2025

Rappi expande ultrarrápido para peitar iFood, Daki, Shopper e até Oxxo

Rappi expande ultrarrápido para peitar iFood, Daki, Shopper e até Oxxo |  Startups | pipelinevalor

Empresa de delivery leva modelo de entregas em 10 minutos pela madrugada para outras duas capitais

“Trabalhe enquanto eles dormem”. A madrugada tem sido a nova aposta para o Rappi, em busca de se diferenciar do seu principal rival no Brasil, o iFood. Depois de ter sido deixada para trás pelo concorrente no delivery de restaurantes, o app colombiano tenta correr em outra faixa ao aumentar a investida nas entregas ultrarrápidas de mercado, em até 10 minutos no formato 24 horas.

Há pouco mais de um ano, São Paulo tem sido a cidade-teste das entregas ultrarrápidas de itens de mercado, hortifruti, bebidas e conveniência para o modelo 24/7 (dia, tarde, noite), chamado de Rappi Turbo 24h. Agora, depois de sentir que o “beta” tem funcionado, a companhia dá mais uma pedalada e expande esse serviço para outras duas capitais brasileiras: o Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

A estreia simultânea do Turbo 24h nas capitais fluminense e mineira acontece já no mês de dezembro. No Rio, o Rappi quer surfar na onda de fim de ano, quando a demanda por esse tipo de serviço é mais alta, diz a empresa. Já em BH, a boa densidade de população (trata-se da terceira capital mais densa do país) justificou a expansão, explica Rodrigo Vasconcellos, chefe da divisão Rappi Turbo desde setembro do ano passado — antes, o executivo colocou de pé a operação do Zé Delivery, em 2019, e fundou a Nana Delivery, startup mineira de entregas rápidas encerrada em agosto de 2023.

A adição das duas novas capitais ao modelo 24/7 vêm para turbinar o plano do Rappi de se tornar o supermercado digital do cliente, explica Vasconcelos. “A ideia é que, se o cliente precisar de algo, que ele pense no Rappi Turbo, seja de manhã, tarde ou noite, para comprar cerveja, hortifruti, Franuí, chocolate, papel higiênico, mamadeira”, diz o executivo.

O Rappi, porém, não é o primeiro app a tentar fazer o modelo vingar. E essa categoria não tem sido fácil para quem embarcou. A Daki, startup que nasceu em 2021 com esse foco e recebeu mais de R$ 1 bilhão em aportes para colocar a tese de pé, segue em busca do breakeven e precisou desacelerar a expansão para priorizar uma operação mais saudável. Mesmo o iFood, dominante em delivery, teve dificuldades para ter êxito no segmento e encerrou a vertical, recorrendo a uma parceria com a Daki.

O que não deixa de ser uma oportunidade para o Rappi. Se as rivais não encontraram o melhor caminho nesse mercado, esta pode ser uma chance de o gigante colombiano se diferenciar, não apenas em relação ao iFood e ao Daki, mas também na briga com apps como Shopper e Zé Delivery, e até mesmo com o Oxxo, que aposta numa rede física 24h para ser uma alternativa cômoda aos consumidores.

No modelo de entregas ultrarrápidas, o segredo, utilizado pelo Rappi e outras startups no mundo, está nas chamadas dark stores, miniarmazéns localizados estrategicamente em bairros de alta densidade populacional. São espaços que atendem um raio de domicílios para pronta-entrega e contam com entregadores disponíveis para fazer o trajeto da forma rápida As dark stores são abastecidas diariamente, ou até duas vezes ao dia, por centros de distribuição que despacham os itens para as lojas.

Por razões óbvias, a operação na madrugada do Rappi é mais enxuta. Durante o dia, Rio e BH contam com 7 e 5 dark stores, respectivamente, para realizar entregas ultrarrápidas pelas cidades. Mas, à noite, o número cai para uma loja em cada cidade: uma no Jardim Botânico para abastecer a zona sul carioca, a partir de um CD em Pavuna (ao norte), e outra na Savassi para atender o centro de BH, com a distribuição chegando do bairro do Castelo. Em São Paulo, o número é de 20 lojas ao dia, com 5 em operação de madrugada em regiões como Vila Olímpia, Vila Madalena, Lapa, Santa Cecília e Carrão.

Fonte: Valor Pipeline