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Sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Após Harley, fabricante do Jack Daniel’s também abandona iniciativas de diversidade

Decisão segue movimentos semelhantes nos últimos meses de Harley-Davidson, Tractor Supply e Deere, que também foram alvos de um ativista anti-DEI

Brown-Forman, fabricante do uísque Jack Daniel’s, se tornou a mais recente empresa a abandonar programas corporativos de diversidade, equidade e inclusão (DEI), à medida que cresce a pressão de conservadores para que esses programas sejam eliminados das companhias.

A empresa enviou uma carta aos funcionários nesta quarta-feira (21) informando que iria parar de vincular a compensação dos executivos ao progresso nas metas de DEI.

A companhia também disse que vai deixar de participar de um ranking anual de empresas com ambiente de trabalho mais inclusivo para funcionários LGBTQ.

A empresa sediada no estado americano de Kentucky também vai abandonar planos para buscar mais fornecedores de origens minoritárias, de acordo com uma cópia da carta compartilhada no X pelo ativista anti-DEI Robby Starbuck e confirmada pela Brown-Forman.

A decisão segue movimentos semelhantes nos últimos meses de Harley-Davidson, Tractor Supply e Deere, que também foram alvos de Starbuck.

O cenário legal e externo mudou desde que a Brown-Forman lançou sua estratégia de diversidade em 2019, disse a empresa no e-mail.

“Com essas novas dinâmicas em jogo, precisamos ajustar nosso trabalho para garantir que continue a gerar resultados comerciais, reconhecendo adequadamente o ambiente atual em que nos encontramos.”

Embora a maior parte da remuneração executiva estivesse ligada ao crescimento de vendas e renda, 10% da compensação de curto prazo estava anteriormente vinculada ao progresso nas metas de DEI, de acordo com o relatório anual de 2023 da empresa.

As empresas estão presas em um conflito de ideais concorrentes sobre iniciativas de diversidade corporativa.

Uma pesquisa do Washington Post-Ipsos em abril revelou que 61% dos adultos acreditam que programas de DEI no local de trabalho são “algo bom.”

Mas a maioria dos entrevistados afirmou que as empresas não deveriam se posicionar sobre eventos atuais, segundo uma pesquisa da Bentley University e Gallup.

Starbuck disse no X que estava prestes a lançar uma campanha pública contra a Brown-Forman, após ter sucesso anteriormente pressionando empresas online. A Brown-Forman não fez comentários adicionais.

O ativista afirmou que já tem um novo alvo.

Além de sua guerra pública contra as iniciativas DEI, Starbuck também colocou em sua mira um índice de igualdade corporativa publicado pelo grupo de defesa Human Rights Campaign (HRC), que classifica empresas com base em seus benefícios para funcionários LGBTQ.

Eric Bloem, vice-presidente da HRC, disse que as empresas estavam tomando decisões “de curto-prazismo.”

“Abandonar apressadamente esforços que garantem ambientes de trabalho justos, seguros e inclusivos para pessoas LGBTQ+ com base em uma indignação fabricada por valentões do MAGA é um mau negócio,” disse ele, referindo-se a apoiadores politicamente ativos de Trump.

As empresas frequentemente publicam sua posição nos rankings em materiais de recrutamento. Por sua vez, a Brown-Forman tinha uma pontuação perfeita de 100 no índice.

Os alvos anteriores de Starbuck já fizeram mudanças após campanhas anti-DEI.

Na segunda-feira (19), a fabricante de motocicletas Harley anunciou que não possui mais metas de gastos com fornecedores de propriedade de minorias, abandonará treinamentos socialmente motivados para funcionários e fará outras mudanças para se afastar dos programas de diversidade.

A empresa parou de operar uma função corporativa de DEI em abril, segundo um comunicado postado na plataforma de mídia social X. A Harley também sairá do programa da HRC.

A fabricante de tratores Deere e a varejista de agricultura Tractor Supply também recuaram em seus programas de DEI após críticas de Starbuck no início deste ano.

No mês passado, a Deere disse que não participará mais de “desfiles de conscientização cultural” e que seus grupos de recursos de negócios se concentrarão “exclusivamente” em desenvolvimento profissional, networking, mentoria e apoio ao recrutamento de talentos.

Fonte: InfoMoney