Economia
Quinta-feira, 25 de julho de 2024

Vivo põe o pé em telemedicina e vira sócia da Conexa

Desde que assumiu o controle da Vivo em janeiro de 2019, o executivo Christian Gebara tem trabalhado incessantemente para posicionar a empresa de telecomunicações como uma líder em tecnologia digital, transcendendo sua identidade anterior como mera fornecedora de conectividade.

Neste 13 de dezembro, a Vivo adiciona mais uma peça ao ambicioso quebra-cabeça de Gebara, avançando na jornada de transformação em uma entidade mais voltada para a tecnologia. Anuncia-se um investimento significativo de R$ 25 milhões na Conexa, uma plataforma digital de saúde que recentemente anunciou sua fusão com a startup de terapia online Zenklub. Vale ressaltar que a conclusão desse acordo está pendente da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Esse aporte, proveniente da Vivo Ventures, representa a maior contribuição já feita pelo fundo de capital de risco corporativo da operadora de telecomunicações de origem espanhola, que dispõe de R$ 320 milhões para investimentos. Este é o quarto investimento do fundo, que anteriormente apostou em Klavi, Klubi e Digibee.

Guilherme Weigert, fundador e CEO da Conexa, destaca a clara visão estratégica e o potencial de sinergia desde as primeiras conversas com a Vivo. Com esse investimento, a Conexa agrega à sua base de acionistas, composta por General Atlantic, Kamaroopin, Goldman Sachs e Igah, um parceiro estratégico capaz de impulsionar a distribuição de seus serviços por meio de uma vasta base de consumidores e empresas da Vivo.

Atualmente, a Vivo ostenta 112 milhões de acessos (sendo que um acesso equivale a um serviço, e um consumidor pode adquirir mais de um serviço) e possui 1,5 milhão de empresas em sua clientela. Rodrigo Gruner, diretor executivo de inovação e novos negócios da Vivo, ressalta a ênfase da Conexa na experiência digital, destacando a amplitude de oportunidades de crescimento e complementação mútua.

O investimento da Vivo na Conexa solidifica sua posição no setor de saúde. A empresa já conta com o aplicativo de meditação Atma, que acumula 3 milhões de downloads, e o Vale Saúde, adquirido em março deste ano por um montante que pode atingir R$ 60 milhões. O Vale Saúde é uma plataforma que oferece 150 mil assinantes acesso a consultas (presenciais e telemedicina), exames e procedimentos cirúrgicos com descontos em uma extensa rede credenciada por todo o Brasil.

Antes mesmo deste investimento, a Conexa já estava integrada ao Vale Saúde, mas a Vivo vê possibilidades de expandir ainda mais a plataforma de saúde digital. A Vivo também tem ampliado suas operações em diversas áreas, como educação, através de uma joint venture com a Ânima, e serviços financeiros, com o Vivo Money, que já concedeu R$ 307 milhões em crédito.

Christian Gebara, CEO da Vivo, enfatiza sua visão de ser uma “conexão inteligente” e reconhece que, embora a conectividade seja fundamental, talvez não seja suficiente no médio prazo. Este movimento estratégico da Vivo precedeu conversas anteriores com a Zenklub, que, por sua vez, está em processo de fusão com a Conexa, criando uma empresa de maior porte que ainda aguarda a aprovação do Cade.

A expectativa é que, após a fusão, as duas empresas alcancem um faturamento de R$ 250 milhões em 2024, contando com 7 mil psicólogos, mais de 3 mil médicos e realizando mais de 600 mil consultas online por mês, sendo metade delas relacionadas à saúde mental. A Kamaroopin, principal investidora da Zenklub, destaca a necessidade de criar um player digital robusto na área de saúde para ganhar escala e competitividade.

Conexa e Zenklub, por serem complementares, oferecem uma gama diversificada de serviços. A Conexa se destaca na telemedicina e expandiu para a terapia online com a aquisição da Psicologia Viva em 2021, enquanto a Zenklub é especializada em terapia online para empresas. Juntas, possuem mais de 800 empresas clientes, incluindo nomes como Procter & Gamble, Mercado Livre, Inter, McDonald’s e Volkswagen, atendendo atualmente oito das dez maiores operadoras de saúde do Brasil, como Bradesco e Amil, alcançando mais de 20 milhões de vidas.

Mesmo antes do investimento da Vivo, a Conexa havia levantado mais de R$ 300 milhões, e a Zenklub, R$ 100 milhões. Com um caixa de R$ 200 milhões ainda disponível, a Conexa demonstra que não estava necessariamente em busca de financiamento no momento. O CEO da Conexa, Weigert, aponta que esse capital será direcionado para fusões e aquisições, fortalecendo sua posição no mercado de saúde digital em constante crescimento e consolidando ainda mais sua presença como um dos principais players no setor.

Fonte: Neofeed