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Quarta-feira, 3 de julho de 2024

Campos Neto: inflação é ‘imposto mais maligno’ e é preciso agir de forma ‘rápida’ para conter alta

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (14) que a inflação é o “imposto mais maligno” e que é preciso agir de forma “rápida” para conter o aumento.

Campos Neto deu a declaração ao participar de um evento organizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

“O imposto mais maligno que nós temos é a inflação. Nós já tivemos essa experiência no passado, é muito importante agir de forma rápida, consistente, com linguagem transparente, para que consiga abortar esse processo de desancoragem [estimativas de inflação acima da meta]”, declarou Campos Neto nesta terça.

A meta de inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2021, a meta é de 3,75% e será cumprida se oscilar entre 2,25% e 5,25%. No entanto, o mercado financeiro estima que fechará o ano acima de 10,1%.

Para 2022, a meta definida pelo CMN é 3,5% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e 5%.

No último dia 6, porém, o Banco Central divulgou o relatório “Focus”, com a previsão dos analistas do mercado financeiro para inflação e crescimento da economia, por exemplo. Segundo o “Focus”, o mercado já prevê a inflação acima do teto da meta em 2022.

Na prática, caso essa previsão se confirme, representará o estouro da meta pelo segundo ano consecutivo.

Selic e inflação

O principal instrumento do Banco Central para conter o aumento de preços é a taxa básica de juros, a Selic, definida com base no sistema de metas de inflação.

Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz a Selic.

No evento do TCU, nesta terça, o presidente do BC afirmou que houve “sensação de desarranjo” e “questionamento em relação às regras fiscais brasileiras”.

“A grande fragilidade fiscal do movimento não está relacionada aos movimentos de curto prazo de melhora, mas está relacionado com a capacidade de o Brasil crescer. Em simulações de curva, quando eu coloco crescimento mais baixo, e juros maiores, a trajetória da divida explode”, declarou.

Campos Neto tem afirmado que a solução encontrada pelo governo federal para bancar o Auxílio Brasil, mudando o cálculo do teto de gastos, cobrou um preço “muito grande” em termos de credibilidade.

Para o presidente do BC, O aumento dos juros futuros não está associado somente aos “ruídos de curto prazo” sobre as contas públicas, como a PEC dos precatórios e ao financiamento do novo programa social, mas sim com a capacidade de a economia se expandir.

Fonte: G1