Economia
Terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Como fazer um check-up das finanças para iniciar 2026 sem dor de cabeça

Para quem têm dívidas, a regra geral é priorizar aquelas com a maior taxa de juros e as que possuem um bem real como garantia

O fim de 2025 se aproxima e é hora de olhar para trás e fazer o balanço do ano, inclusive das finanças. Revisar as contas no final do ano é equivalente a fazer um check-up quando você vai ao médico: você enxerga onde está, o que funcionou e o que precisa ser corrigido para entrar no próximo ano com mais clareza, leveza e estratégia.

Milagres não acontecem, e de acordo com Paula Sauer, professora da FIA Business School, quando se faz um balanço, é possível identificar melhor onde está gastando, o que é supérfluo, o que é sazonal, quais as despesas fixas que cresceram e onde conseguiu diminuir.

“A gente identifica um padrão. Dá para identificar, avaliar e analisar também as dívidas, os compromissos futuros, olhar para a fatura do cartão e pensar: ‘Bom, está tudo para este mês ou tem contas parceladas? Consigo pagar o valor da fatura que eu gastei este mês com o meu salário, sem entrar no cheque especial, sem ter necessidade de parcelamento?’ Isso é importante”, destaca a professora. 

Outro ponto importante é mensurar o que melhorou e o que piorou em relação ao ano passado. Se nada muito diferente aconteceu na sua vida, você consegue identificar se melhorou ou piorou o seu comportamento financeiro em relação ao ano anterior.

Além disso, também é possível verificar quais objetivos foram alcançados, se você conseguiu fazer ou manter sua reserva de emergência, se conseguiu fazer os aportes nos investimentos de acordo com o que tinha planejado ou se conseguiu quitar dívidas.

“Conseguir realizar essas coisas é fundamental para entrar no próximo ano com menos dívidas, com mais controle e com um planejamento mais efetivo. A gente precisa tirar essa fotografia financeira, fazer esse check-up das finanças para entender como foi 2025 e se preparar para 2026”, ressalta Sauer.

E se eu tenho dívidas?

Para as pessoas que têm dívidas a pagar, a professora da FIA Business School diz que a regra geral é priorizar aquelas com a maior taxa de juros e as dívidas que possuem um bem real como garantia. Então, das dívidas com taxa de juros maior para menor: priorizar o cartão de crédito, o rotativo do cartão, as compras parceladas no cartão e o cheque especial.

“Mais adiante, entram os empréstimos pessoais não consignados, que têm juros menores, mas ainda altos. E, por último, os empréstimos consignados, que podem ser pagos ao longo do prazo porque têm juros mais baixos”, pontua ela.

Se após avaliar as dívidas você identificar a necessidade de renegociar, aproveite o fim do ano. Receitas extra como bônus e décimo terceiro podem ser uma boa alternativa para desafogar as finanças.

Como fazer o balanço dos investimentos

Ao olhar para os investimentos a primeira pergunta, segundo Paula Sauer, é: esse investimento que eu tenho tem a ver comigo ou com meu amigo, com meu colega, com meu chefe? Eu estou aplicando, comprando ou guardando dinheiro com base nas minhas crenças, valores e objetivos, ou estou fazendo porque todo mundo está fazendo?

Por isso, é preciso analisar o prazo do seu objetivo, o prazo dos investimentos, a liquidez e a sua própria tolerância ao risco. No geral, isso tudo significa conhecer bem o seu perfil de investidor. Nesse processo, algumas perguntas ajudam como:

  • Este investimento me aproxima ou me afasta do meu objetivo? (E essa lógica vale também para o consumo: “esta compra me aproxima ou me afasta do meu objetivo?”)
  • O prazo está adequado? Imagine que você faz um investimento com resgate em 12 meses, mas precisa do dinheiro em 9. “Ah, mas eu converso com o gerente, ele vai dar um jeito.” Ele até pode te ajudar, mas provavelmente você não vai receber o que teria direito se mantivesse o prazo contratado.
  • Eu aguento o risco? Pense na sua reação ao ver a oscilação do preço de um investimento. Você olha e pensa: “Que bom, a bolsa caiu, posso comprar mais um pouquinho”, ou pensa: “Meu Deus, o mundo acabou, preciso tirar meu dinheiro agora”? É preciso entender como você suporta o risco.

Devo rebalancear a carteira?

Quanto ao rebalanceamento da carteira: sim, é importante fazer, mas não é adequado ficar mexendo o tempo todo. Às vezes, você troca um investimento por outro que pode até render mais, mas esse movimento de “tira e bota” pode gerar taxas, corretagem, imposto de renda e tudo isso acaba diminuindo sua rentabilidade por causa dos custos das movimentações financeiras.

Um exemplo seria: Imagine que você sentou com seu planejador financeiro e, juntos, identificaram que a carteira ideal para você seria composta por algo como 70% de renda fixa, 20% de ações e 10% de investimentos no exterior. Isso faz sentido para o seu perfil.

Agora imagine que passou um ano, passaram dois, e vocês nunca mais olharam para essa carteira. A renda fixa cresceu mais do que o esperado, enquanto as ações tiveram queda, assim como os ativos no exterior. Aquele balanceamento inicial de 70/20/10 se transformou em 85/10/5. Isso pode não conversar mais com o seu perfil de investimento. Nesse caso, sim, faz sentido fazer o rebalanceamento.

Fonte: B3