Política
Quarta-feira, 22 de outubro de 2025

STF surpreende PL com decisão de reabrir investigação contra Valdemar

Revés não estava no radar do entorno do presidente do partido de Bolsonaro; aliados falam em “perseguição” de Moraes

A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de reabrir a investigação contra o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, surpreendeu integrantes do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O revés imposto ao dirigente partidário, durante o julgamento do núcleo 4 da ação do plano de golpe nesta terça-feira (21), não estava no radar nem de Valdemar, nem de seus aliados.

grupo alega que se trata de mais “um ato de perseguição” do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, contra a direita, com o objetivo de suspender o registro do PL. Procurados pela CNN Brasil, o PL e a defesa de Valdemar ainda não se manifestaram.

O presidente do PL havia sido indiciado pela PF (Polícia Federal) por financiar o relatório preparado pelo IVL (Instituto Voto Legal) sobre as urnas eletrônicas. Porém, em fevereiro, a PGR (Procuradoria-Geral da República) excluiu Valdemar da denúncia relacionada à tentativa de golpe de Estado.

Ao sugerir a reabertura do inquérito, Moraes considerou que o presidente do PL deve ser investigado por participação na tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e em organização criminosa.

O ministro citou o artigo 18 do Código de Processo Penal, que prevê que, mesmo arquivado por falta de base para denúncia, o inquérito pode ser reaberto caso surjam novas provas.

A menção foi feita quando Moraes votava pela condenação do presidente do Instituto Voto Legal, Carlos Rocha, pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de organização criminosa.

“Uma vez configurada a condenação do réu Carlos César Rocha, para que extraiamos cópias da decisão e de todo o acervo probatório para remessa à Pet 12100, nos termos do artigo 18 do Código de Processo Penal, reabrimos a investigação e análise dos crimes de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito em relação ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto”, disse Moraes.

O relator foi seguido pelos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia. O ministro Luiz Fux não analisou essa proposta.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criticou Alexandre de Moraes, dizendo que ele faz “perseguição alucinada e fora da lei” e que ela só vai parar com a aprovação de uma anistia.

“Reabrir ‘investigação’ contra Valdemar não tem pé nem cabeça. É apenas uma desculpa para alcançar seu objetivo de cassar o registro do PL. Mais um gol de mão que o VAR da 1ª Turma do STF vai validar, pelo bem da democracia, claro”, escreveu nas redes.

Na publicação, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que a medida de Moraes deve “servir de alerta a outros partidos, incluindo PP, União Brasil, Republicanos, PSD e até o PT”.

“Se o vento na biruta do biruta mudar, ele vai pra cima de qualquer um, sem nenhuma cerimônia. Basta ousar contrariar seus interesses”, completou Flávio.

Nas redes, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que Valdemar atuou dentro da legalidade e com respeito às instituições brasileiras.

“Pergunto: sugerir o aprimoramento do processo de votação é crime? Todas as decisões do PL foram conduzidas de forma transparente e democrática, sempre com o objetivo de fortalecer a segurança e a confiabilidade do sistema eleitoral”, afirmou o parlamentar.

Valdemar Costa Neto passou a ser investigado pela PF ao ingressar com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo a anulação parcial das eleições de 2022. Segundo a investigação, o presidente do PL foi o principal financiador dos questionamentos ao sistema eleitoral, mesmo sabendo que não havia fraudes. O dirigente chegou a ser preso durante uma operação por porte ilegal de arma.

Em depoimento ao STF sobre o plano de golpe, Valdemar afirmou ter divulgado o relatório das urnas contra sua vontade, sob pressão de deputados.

“Pressionado pelos deputados, que vazaram essa informação de que haveria dúvida nas urnas, isso foi, inclusive, contra a minha vontade. Mas, como havia uma pressão muito grande dos deputados para que deixássemos público aquilo e recorrêssemos ao TSE, foi feito esse movimento”, disse o presidente do PL.

Fonte: CNN