
Deputado federal mais votado do Brasil, pelo PL de Minas Gerais, Nikolas falou com exclusividade ao programa InfoMoney Entrevista; o parlamentar respondeu sobre o aliado Jair Bolsonaro – que, segundo ele, “está com carta marcada para ser preso” –, as eleições presidenciais de 2026 e seu futuro político
os 29 anos, Nikolas Ferreira (PL-MG) ostenta números impensáveis até mesmo para veteranos da política. Foi o deputado federal mais votado do Brasil nas últimas eleições, com 1,47 milhão de votos, e a cada publicação no Instagram obtém em média 1,5 milhão de interações. A força de Nikolas nessa rede social o deixa atrás apenas de Neymar e de Virginia Fonseca. Com um vídeo sobre a suposta taxação do Pix, visto por 300 milhões de pessoas, obrigou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a recuar de uma medida para fiscalização das operações financeiras.
Toda essa influência está colocada a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro e das pautas da direita, sendo uma das principais delas o combate às ações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Para Nikolas, o juiz instaurou uma “tirania” no país. “O que temos visto hoje, principalmente na figura do ministro Alexandre de Moraes, é uma usurpação de Poderes e não há a quem recorrer”, afirma o deputado ao InfoMoney Entrevista.
“Estamos oficialmente em uma tirania, a nossa democracia está extremamente fragilizada. A gente está caminhando a passos longos para algo que não se pode chamar mais de democracia”, diz Nikolas, ao receber a reportagem do InfoMoney em seu gabinete, no Anexo 4 da Câmara dos Deputados.
O deputado prevê um cenário conturbado para as eleições presidenciais de 2026 e alerta que, sem o apoio de Bolsonaro, nenhum nome da direita terá chances de vitória nas urnas. Para Nikolas, o ex-presidente “está com uma carta marcada para ser preso” e enfrenta uma “condução extremamente parcial” dos processos a que responde no STF.
O parlamentar falou ainda sobre seu futuro político e indicou que deve tentar no ano que vem e reeleição para a Câmara dos Deputados, onde almeja ocupar cargos como a presidência da Casa e da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A posição dos sonhos de Nikolas é uma cadeira no Senado, mas ele precisa esperar completar 35 anos para concorrer, como manda a lei eleitoral. Essa é a idade mínima também para disputar à Presidência, outra hipótese sobre a qual o mineiro falou na entrevista.
Confira abaixo os principais trechos do InfoMoney Entrevista com Nikolas Ferreira:
InfoMoney – O senhor afirmou que o Brasil não vive hoje uma democracia. Por que o senhor chegou a essa conclusão?
Nikolas Ferreira – Em uma democracia, os Três Poderes têm equilíbrio, freios e contrapesos. Ou seja, se um Poder extrapolar, o outro consegue remediar. O que nós temos visto hoje, principalmente na figura do ministro Alexandre de Moraes, é uma usurpação de Poderes e não há a quem recorrer. Por exemplo, o ministro derrubou uma decisão que foi majoritariamente decidida pelo Congresso a respeito do aumento de IOF. O PT recorre ao STF, é sorteado, cai no ministro Alexandre de Moraes e ele mantém o aumento de IOF. Eu irei recorrer a quem? Ele é a última instância do Poder.
O processo, por exemplo, envolvendo [Jair] Bolsonaro. Quando você olha a Turma [do STF], um é ex-advogado de Lula, que é Zanin. O outro é amigo de Lula desde a adolescência, que é o ministro Flávio Dino. Os outros dois, Carmen Lúcia e Luiz Fux, foram indicados pelo PT. E o último é o ministro Alexandre de Moraes.
Eu não acredito que haja imparcialidade em juiz que fala fora dos autos, que dá sua opinião. Juízes atuam politicamente nessa corte, falam que derrotaram o bolsonarismo. Quando eu digo que não há democracia é porque já extrapolou os limites. O meu perfil, por exemplo, foi derrubado após as eleições de 2022 e eu ainda não sei o motivo. Estamos oficialmente em uma tirania, a nossa democracia está extremamente fragilizada. A gente está caminhando a passos longos para algo que não se pode chamar mais de democracia.
IM – O senhor citou o ministro Alexandre de Moraes e o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro. Qual avaliação faz da condução desse processo?
NF – A condução está muito parecida com a condução do processo eleitoral [de 2022]. Se você pega, por exemplo, o que Jair Bolsonaro podia fazer e o que Lula podia fazer eram coisas completamente parciais. Bolsonaro não podia fazer live da sua própria casa, que era o Palácio da Alvorada, ou do Planalto, que era o local de seu trabalho. As propagandas do PT, em TV aberta, ligavam Bolsonaro a pedofilia, falavam que ele ia acabar com férias, com o 13º. Foi uma condução extremamente parcial para um lado. Esta condução agora está da mesma forma. Não temos que ter juízes de direita ou de esquerda. A Justiça virou algo pessoal e deveria ser algo imparcial.
Quando são tratados atos subsequentes à eleição [de 2022] que culminaram no trágico do 8 de janeiro [de 2023], a esquerda também já cometeu delitos, queimou o Ministério da Educação. Já houve invasão aqui da esquerda. Não me recordo de ninguém ter pegado 17 anos de cadeia. Essa desproporcionalidade em combater um lado e isentar o outro é muito ruim. Minhas críticas a Alexandre de Moraes não são críticas pessoais, são críticas fáticas daquilo que ele está fazendo.
IM – O ministro Alexandre de Moraes está analisando o pedido do senhor de visitar Bolsonaro, que está em prisão domiciliar. Qual espera que seja a resposta?
NF – Está em análise. Eu fiz o pedido por dois motivos. Primeiro porque quero ter contato com o [ex] presidente. Eu acho um absurdo você ter que pedir para poder visitá-lo, sendo que um traficante tem visita íntima. Convenhamos, é o primeiro ex-presidente da República que não é condenado por corrupção. Teve uma quebra de cautelar. Por que você não podia o quê? Falar? Era uma coisa muito dúbia. Lula deu entrevista na cadeia. Da mesma forma, Marcola. Fernandinho Beira-mar, Suzane Richthofen, Champinha. Todos esses com crimes horrendos. Todos eles deram entrevista na cadeia.
A determinação da cautelar do Bolsonaro era uma coisa muito difícil de entender. Ele pode falar, mas não pode ser para internet, mas para a mídia pode. Só que se a mídia que fez a entrevista postar na internet vai configurar a quebra de cautelar? Então eu, por exemplo, fiz uma videochamada, ele viu as pessoas da manifestação, não falou absolutamente nada e usou-se isso como uma quebra de cautelar.
IM – Qual é a ideia dessa conversa com o ex-presidente? Por precaução, o senhor deve evitar filmagens dessa vez?
NF – Eu não vou lá para ficar enchendo ele de política. É mais uma conversa mesmo de humano para humano, de entender como é que ele está, de saber quais são os próximos passos, se a gente, enfim, está no caminho certo. Atualizá-lo também, dar algum cenário. Ele não pode mexer no celular. Imagina ficar sem celular, sendo um ex-presidente da República que está praticamente com uma carta marcada para poder ser preso. Eu imagino que ele deve querer saber das medidas que nós tomamos aqui no Congresso, do acordo que nós fizemos com os demais partidos para pautar as matérias de prerrogativas constitucionais. Eu quero trocar uma ideia com ele de boa.
IM – O senhor tem uma boa relação com Bolsonaro, mas houve um estremecimento na relação com o deputado Eduardo Bolsonaro. Isso já foi pacificado?
NF – Já. A gente tem discordância até com a nossa mãe, imagina se eu vou concordar 100% com político. Acho que é saudável. Quando se trata de relações pessoais, principalmente questões políticas, a gente tem que ter uma maturidade. Houve ali algumas rusgas, mas isso já foi pacificado da minha parte. Nunca abri a boca para falar mal de nenhum da família [Bolsonaro]. Acho que todos somam de formas diferentes para a luta que a gente tem contra o inimigo em comum, que é a esquerda e o PT.
IM – Dentro desse propósito, quais são as principais lutas da direita nesse momento?
A gente está numa retomada de prerrogativas constitucionais. Temos hoje uma caça às bruxas. Você tem Daniel Silveira preso, Deltan Dallagnol cassado, [Carla] Zambelli sem ampla defesa. Você tem diversos inquéritos que nunca acabam, como por exemplo o inquérito das fake news. Na Ação de Impugnação da Justiça Eleitoral (AIJE) contra mim no STF são colocados diversos fatos novos todos os dias, é algo que nunca se acaba.
Eu posso ser preso porque eu chamei Lula de ladrão na ONU, exercendo o meu papel como parlamentar com imunidade. É engraçado que não tem nenhum deputado de esquerda ou apoiador do PT com suas redes derrubadas ou com inquéritos abertos.
Não tem como combater o mal que a esquerda faz sem combater a esquerda. Eu acredito que as pessoas estão abrindo os olhos para o que de fato está atrasando o nosso país, tanto economicamente, quanto moralmente e socialmente. Com esse governo no poder, é muito difícil tratar sobre as prioridades do nosso país. Não tem como realizar nada do que a gente quer. Então tem que ter uma mudança eleitoral.
Se nós tivermos maioria no Congresso, conseguimos fazer mudanças estruturais. A gente precisa de uma reforma administrativa, ter projetos que passem a respeito de corte de despesas.
Agora, no âmbito cultural, a gente trabalha. Eu fiquei praticamente dois anos palestrando em igreja, de forma gratuita, e isso virou livro. Tem várias pessoas que fazem isso, a luta contra pautas ideológicas que nós acreditamos serem erradas, como a feminista.
IM – Atualmente aqui no Congresso a principal preocupação do PL é aprovar a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Quais as chances de esse projeto ser aprovado?
NF – Acho que existe uma boa probabilidade, nós tivemos uma ação de paralisação aqui no Congresso. Pressionamos e duplicamos ou triplicamos o nosso apoio. Queremos o fim do foro e consequentemente a anistia. Por que fim do foro? Porque nós sentimos que o STF faz chantagem com os deputados daqui. Você tira uma pressão de cima dos deputados com relação ao STF fazendo o fim do foro. No segundo passo, a anistia, que dá condição para que a gente pacifique o país.
Eu me coloco no lugar da Débora [dos Santos], que virou símbolo de toda essa injustiça com relação às altas penas [pelos atos de 8 de janeiro]. Não acho que uma pessoa que pega batom e escreve “perdeu mané” numa estátua deva tomar 17 anos de cadeia. A atitude é errada, não convém, você não pode pichar patrimônio público. Agora, ela ficou dois anos presa sem condenação. Dois anos num cárcere já não é tempo suficiente? Eu acho que sim. Mas a Débora é só um caso. Existem outros.
Nós conseguimos coletar assinaturas para poder aprovar a urgência [do PL da Anistia]. São mais de 300 assinaturas. Por que não é pautado? Porque há pressão do STF com relação a isso. Então há probabilidade, sim. Basta que os homens tomem atitudes corretas. Isso é o mais difícil.
IM – O senhor falou do aspecto cultural da organização da direita. Na sua visão, o que significa ser conservador hoje no Brasil? Existe conservadorismo sem bolsonarismo?
NF – O conservadorismo é uma visão do mundo. Ele é maior do que qualquer instituição. Por exemplo, eu sou conservador por quê? Por que votei no Bolsonaro? Não. Eu sou conservador porque eu tenho uma visão de mundo, de que aquilo que passou pelo crivo do tempo e deu certo é o que eu quero para minha vida. Por exemplo, o casamento é um modelo que dá certo. Foi o modelo que deu continuidade ao que nós acreditamos como sociedade.
No âmbito cultural cristão, nós temos princípios e regras dentro da Bíblia que se você aplicar vai dar certo. Os exemplos da Bíblia me contemplam como conservador. Ultrapassa o âmbito político, passa pelos seus valores e de onde provém a sua moral. Eu não posso pegar a natureza como minha fonte moral. O animal comete canibalismo, o animal comete atrocidades para poder sobreviver.
IM- Hoje Bolsonaro está inelegível e será julgado pelo STF. Sem ele concorrendo à Presidência em 2026, quem melhor representa o campo conservador?
NF – Isso passa pela definição de quem está em primeiro lugar nas pesquisas, que é Bolsonaro ou quem tem mais chance de vencer Lula. Diversas pessoas se colocam à disposição e a gente tem que avaliar. Você tem Ronaldo Caiado, Romeu Zema, Ratinho Júnior, Tarcísio [Freitas]. É muito difícil eu definir quem eu apoiaria, porque tem muita água ainda para rolar. Mas os nomes que estão postos, sem o apoio do Bolsonaro, duvido muito que tenham uma condição séria de vitória.
IM – Como o senhor antevê o cenário para eleição de 2026?
NF – O cenário ainda está bem conturbado. Serão as eleições mais importantes, porque vão definir os próximos 20 ou 30 anos do nosso país. Quem vai estar à frente do país que vai estar totalmente quebrado? O cenário está muito complicado. Uma mentira quando é contada tem manchete e a retomada da verdade demanda tempo. E como nós vamos fazer com isso? A esquerda vai poder mentir a rodo, vai poder criar fake news como criaram comigo e eu vou ter que ficar rebatendo cada mentira? A direita vai ficar refém disso? Ou a direita também vai poder ter a mesma regra? Porque se for igual para todo mundo, está bom, por mais que eu não ache que isso seja saudável.
Até em guerra você tem regras. Por que numa eleição você não tem? Da maneira como está caminhando, sem talvez uma aprovação de anistia, sem você ter uma pacificação do nosso país, o cenário está muito ruim. O país continua dividido, e as pessoas estão percebendo. Essa falta de responsabilidade fiscal do governo, essa sanha de censura, tudo é motivo para regulamentar as redes.
Não estou otimista quanto ao nosso futuro. Para melhorar vai ter que piorar muito. A gente precisa olhar para as questões mais profundas do nosso país, de âmbito cívico. As pessoas estão querendo um Estado babá que faça tudo por elas. Nos tornamos grandes torcidas com dois neurônios, o pró e o contra.
IM- Qual a visão do senhor sobre a condução econômica do governo Lula?
NF – O país tem que tratar o dinheiro das pessoas com respeito, e eu não vejo isso. A política fiscal do governo Lula é irresponsável quanto aos gastos, bateu recorde de arrecadação. Não é que o governo está quebrado. Ele arrecada muito e gasta mais do que arrecada.
Nós temos que fazer uma reforma administrativa com cortes estruturais para ter dinheiro para aplicar no que realmente tem que ser aplicado. A cada 37 dias foi aumentado um imposto no país, você tem supersalários no Judiciário, Executivo e Legislativo. Eu não defino o meu salário como deputado federal, mas qualquer iniciativa que tiver aqui para redução ou para corte, eu estou dentro.
IM – E se o senhor fosse governo?
NF – Eu faria o corte real de despesas, veria o impacto que isso provocaria e forneceria, especificamente, o foco em segurança pública. Lula dedicou somente 10% do Fundo Nacional de Segurança para atuação no combate ao crime organizado. A primeira coisa que tem que fazer num país é garantir a paz. Saúde e educação é um segundo passo. Não adianta você ter educação se seu filho for andando para escola e for raptado.
Estabelecer a paz passa por endurecimento de penas. Você precisa fazer com que o policial tenha liberdade para atuar. Precisa ter uma Justiça que realmente aplique as leis, porque hoje, você tem a dosimetria da pena, daqui a pouco o cara é solto porque senão vai ter superlotação de cadeia. É engraçado, né? Quem fala isso quer que eu vá para cadeia porque eu botei uma peruca. Então, me parece que a cadeia não está tão cheia assim. Vamos construir mais cadeias.
IM – O senhor citou o episódio em que vestiu uma peruca para falar sobre pessoas trans. Arrepende-se dessa atitude?
NF – Não me arrependo, mas não faria de novo, porque jogada arriscada não se faz toda hora. Nem Pelé tentava todo jogo fazer gol do meio de campo. Eu sabia muito bem o que eu estava fazendo. O conteúdo do meu discurso é o mesmo que eu fiz no ano anterior, em 2022, quando eu estava na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Mas por que deu tanta repercussão? Porque eu exemplifiquei. Eu poderia, por exemplo, falar de segurança pública e ter botado uma algema. Falar de covid e botar uma máscara. Obviamente chama atenção: deputado colocando uma peruca loira? Como assim?
Só que, quando você vê o conteúdo do discurso, eu tinha razão. Que pai e que mãe no Brasil vai falar que eu estou errado por falar que homem biológico não pode entrar dentro do banheiro de uma mulher? O que eu falei é crime? Foi transfóbico? Transfobia é crime? Eu tenho que ir para cadeia? Então mais da metade do Brasil tem que ir para a cadeia também.
Pode discordar dos meus meios, mas não dos resultados. A Nicole está ali [a peruca está exposta no gabinete do deputado], não vou usar mais, mas foi a maneira que eu tive para poder jogar luz a um fato. Acredito que a piada faz parte do discurso. A mensagem foi dada.
IM – Quais os planos do senhor para as eleições de 2026?
NF – Por lei, eu só posso me candidatar a deputado estadual, deputado federal e governo estadual. Para presidente e senador precisaria ter 35 anos. Para deputado estadual, eu não iria, porque acredito que a minha atuação aqui na Câmara é importante, em nível nacional. Para o governo [de MG] eu ainda deixo uma porta aberta. Estou em primeiro lugar nas pesquisas. Qualquer político entraria de cabeça. Só que eu acho que existem problemas, dificuldades profundas que nós enfrentamos hoje, que eu consigo atuar como deputado federal.
Eu gostaria muito de ir para o Senado, mas não tenho idade ainda. O Senado encaixaria como uma luva. Como deputado federal ainda tem muito trabalho a ser realizado e posições que eu posso pleitear. A presidência da Câmara é algo fenomenal. A presidência da CCJ também é um cargo importante, porque você consegue colocar projetos ali na frente. Consigo ter um trabalho ainda mais potencializado em Minas Gerais, em termos de emendas e de conhecimento do Estado.
IM – O senhor não tem ainda idade mínima para concorrer ao Senado ou à Presidência da República. Almeja no futuro disputar para presidente?
NF – Não fico preocupado se estou fazendo isso aqui para poder me tornar presidente da República. Lembro o dia em que Bolsonaro falou: “Ninguém em sã consciência quer essa cadeira.” Vamos pegar os últimos presidentes do nosso país? Collor está preso, Michel Temer também foi preso. Lula foi preso. Bolsonaro agora está preso [em prisão domiciliar]. Estou desejando o quê? No fim das contas que eu também seja preso? Dilma sofreu impeachment e só FHC que se livrou.
Não tenho nenhum problema em enfrentar perseguições. Meu coração é muito disposto para poder me sacrificar pelo meu país, tenho muita energia ainda para queimar. Quero realmente que o nosso país seja do tamanho que ele merece. Se eu posso servir melhor o meu país sendo presidente da República, as pessoas também acham isso, então que bom, podem contar comigo.
Mas não é algo que move meu coração. O que move meu coração é que eu seja o melhor exemplo de pai para minhas filhas, o melhor marido para minha esposa, bom filho para os meus pais, que eu consiga ter uma extraordinária obediência a Deus. Se Deus acrescentar para mim a Presidência da República, vai ser acréscimo.
IM – No horizonte imediato, o senhor é alvo de um processo na Câmara por ter participado da ocupação do Plenário em ato de apoio a Bolsonaro. A punição pode chegar a seis meses de afastamento. Como crê que o caso vá se desenrolar?
NF – Acredito no bom senso do relator e do presidente. Precisa ter isonomia nessa casa. Nós tivemos uma ação igual a que a esquerda fez anos atrás. Se não foram punidos anteriormente, não há por que se falar em punição agora.
Não acredito que nenhum dos deputados [envolvidos na ocupação da Câmara] tenha que ser punido. A gente ocupou ali um dia, depois no outro dia também, o presidente entrou, pôde dar o seu discurso. Existem outras coisas que precisam ter mais atenção com relação à punição aqui nessa casa: rachadinha, desvios de emenda, corrupção. Está cheio de coisa aí para ser punida.
Fonte: InfoMoney