
Aliados do PL criticaram evento do governador mineiro se lançando à Presidência, por ocorrer logo após a prisão do ex-presidente; ala viu fato como uma tentativa de ocupar espaço político
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), evitou ampliar desgastes após as críticas feitas por Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que chamou governadores da direita de “ratos” e os acusou de oportunismo político em uma publicação amplamente compartilhada, endossada pelo irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Embora a mensagem tenha sido interpretada como uma indireta ao mineiro, que lançou sua pré-candidatura à Presidência no último fim de semana em São Paulo, aliados de Zema afirmam que ele não pretende recuar do projeto nacional nem pedir desculpas.
— Estamos à direita com as mesmas propostas, lutando pelos mesmos objetivos. Fico até surpreso e compreendo. Me solidarizo com a família que vive um momento difícil. Continuamos caminhando juntos. Até marido e mulher discordam, então o que dizer de partidos políticos diferentes? — disse Zema nesta segunda-feira, ao ser questionado pela imprensa.
Segundo interlocutores, a pré-campanha de Zema aposta em um caminho definido como “direita liberal”, com afinidades pontuais com o bolsonarismo, mas sem alinhamento automático. A estratégia envolve articulações diferenciadas com outros nomes da direita, como Ratinho Júnior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União-GO) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), mantendo uma pauta focada no combate ao PT, na redução do tamanho do Estado e na segurança pública. Até o momento, Zema foi o único a dar uma declaração pública sobre as críticas dos filhos de Bolsonaro.
A irritação da família Bolsonaro teria sido provocada pelo momento escolhido para o lançamento da pré-candidatura. Aliados do PL criticaram que o evento ocorreu logo após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, interpretando o lançamento como uma tentativa de ocupar espaço político. U
ma situação semelhante foi registrada em março deste ano, quando Ronaldo Caiado lançou sua pré-candidatura logo após denúncias da Procuradoria-Geral da República, também gerando desconforto entre bolsonaristas.
Apesar da crítica pública, aliados de Zema minimizam a possibilidade de escalada da crise ou de necessidade de retratação.
— Carlos sempre foi mais extremista em suas posições. E, com a iminente prisão do pai, é compreensível o desespero e o incômodo dele com o contexto. A direita está mais unida do que nunca, e sairemos todos juntos desta eleição, sem sombra de dúvida — afirmou Fred Papatella, presidente do Novo em Belo Horizonte.
A bancada bolsonarista em Minas tem defendido publicamente o alinhamento ao candidato que ainda será escolhido por Jair Bolsonaro, que, no momento, não sinaliza movimentação. O deputado estadual Caporezzo (PL-MG) avaliou que as críticas de Carlos Bolsonaro refletem a pressão do momento, mas também questionou o protagonismo de outros nomes de direita.
— A prova máxima da assertividade de Carlos é que, se existisse algum presidenciável de direita além de Jair Bolsonaro, certamente teria se manifestado nas manifestações do dia 3 de agosto. É fácil se declarar de direita adotando o antipetismo; difícil é tomar postura com coragem e assumir protagonismo quando quem costuma fazê-lo está preso injustamente — afirmou.
Em uma tentativa de por panos quentes, o vice-governador Mateus Simões (Novo) afirmou que a família Bolsonaro enfrenta um momento difícil e evitou críticas a Carlos.
— A família merece toda a nossa solidariedade. Divergências partidárias são compreensíveis, mas seguimos acreditando que o Brasil precisa se mobilizar com alternativas ao lulismo — disse
Fonte: Agência O Globo