Economia
Quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Renda fixa, ações e exterior: como se posicionar após tarifaço, segundo 10 corretoras

As tarifas de Donald Trump devem afetar a economia brasileira no longo prazo e respigar nos investimentos

O tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros entra em vigor nesta quarta-feira (6), elevando a tensão nos mercados. A medida pode afetar a economia brasileira no longo prazo, ao alterar a dinâmica da inflação e das expectativas de juros – impactos que já começam a respingar nos investimentos. Corretoras e bancos revisaram suas estratégias e montaram carteiras para agosto levando em conta esse novo cenário, além de outros fatores locais.

“O anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros elevou a aversão ao risco, provocando saída de recursos e aumento do prêmio de risco exigido pelos investidores”, disse a equipe de research em renda fixa do Itaú BBA em relatório deste mês. Já a equipe da XP Investimentos comentou que a “curva refletiu maior aversão ao risco, com o cenário de incerteza em relação às eleições de 2026 e o impacto das tarifas aplicadas pelos EUA às exportações brasileiras”.

    Renda fixa local

    Na renda fixa, o Itaú BBA disse em relatório deste mês que a volatilidade de julho gerou ajustes nos preços, mas não alterou os fundamentos que sustentam a alocação da casa em renda fixa. Em resumo, as apostas se resumem a:

    Títulos prefixados com prazo de cerca de 3 anos: “continuam atrativos”, mas o carrego é importante, “especialmente se houver reprecificação do cenário terminal da taxa Selic”, segundo o banco.

    Títulos IPCA+ com prazos a partir de 5 anos: são a principal alternativa para “capturar o processo de desinflação e desaceleração previsto para os próximos anos, sem abrir mão de proteção contra surpresas inflacionárias”. O banco mencionou que a taxa real de 5 anos segue ao redor de 7,5% ao ano, um “patamar historicamente elevado”.

    Títulos pós-fixados: para o Itaú BBA, essas aplicações são “a melhor opção para
    investidores com horizonte de até dois anos”. O carrego, segundo a casa, permanece elevado, visto que a “visibilidade sobre cortes no curto prazo ainda é baixa”. A classe também é eficiente tanto “para alocações defensivas quanto para compor caixa em carteiras mais diversificadas”.

    Já a carteira de renda fixa da XP combina títulos públicos e crédito privado. Entre os papéis do Tesouro, há uma Letra Financeira do Tesouro (LFT) atrelada à Selic, com duração de 3,1 anos; três Notas do Tesouro Nacional (NTN) – uma prefixada, com prazo de 2,9 anos, e duas indexadas ao IPCA, com vencimentos em 4,3 e 6,2 anos.

    No crédito privado, a carteira da XP inclui dois CDBs (um prefixado e outro atrelado ao IPCA), ambos com prazo de 2 anos, além de debêntures da Isa Energia e da Petrobras, também ligadas ao IPCA, com durações de 8,9 e 7,5 anos, respectivamente.

    “É essencial que o investidor considere seu perfil, o prazo e o risco do título, além do tamanho da alocação. Recomendamos uma exposição máxima na carteira total de 5% em um único emissor, e de 20% em crédito privado. Note que trata-se apenas de uma sugestão, que pode ser ajustada de acordo com os objetivos de cada investidor”, escreveu a equipe da casa em relatório.

      Ações locais

      O imbróglio entre EUA e Brasil, cenário político incerto e os juros elevados podem ter removido temporariamente “qualquer senso de urgência para os investidores comprarem o Brasil”, disse a equipe de equity research do BTG Pactual. Por isso, a casa manteve em sua carteira de ações de agosto “nomes que oferecem retornos atraentes, mesmo diante de taxas reais de longo prazo muito altas”. O mesmo movimento foi visto em outras corretoras e bancos.

      Entre nove players locais, o BTG Pactual e outras cinco casas mantiveram o Itaú (ITUB4) nas carteiras recomendas, por demonstrar demonstrando resiliência segundo o BB Investimentos.

      Outros nomes com várias recomendações foram a Petrobras (PETR4), que tem projeção de dividend yield (retorno com dividendos) médio de 8,5% para 2025 e 2026, segundo a Toro Investimentos, e a Vale (VALE3), classificada como resiliente pelo time da Terra Investimentos.

      Veja lista completa:

      EmpresaNº de recomendaçõesRetorno em julho
      Itaú (ITUB4)6-4,80%
      Petrobras (PETR4)54,02%
      Vale (VALE3)51,54%
      Vivo (VIVT3)42,25%
      Prio (PRIO3)4-0,50%

      Fontes: Ativa Investimentos, Ágora, BB Investimentos, BTG Pactual, Empiricus, Genial, Santander, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica

        Ações no exterior

        Apesar de as ações das big techs terem decepcionado no primeiro semestre, as gigantes da tecnologia divulgaram resultados positivos do segundo trimestre de 2025. A Microsoft (MSFT34) ultrapassou US$ 4 trilhões após resultado acima do esperado, a Meta (M1TA34) registrou receita de US$ 47,5 bilhões no período, com aumento de 22% em relação ao ano anterior, e a Alphabet (GOGL34) viu seu papel subir após número positivos.

        No embalo dos números positivos, a carteira recomendadas de ações internacionais e BDRs da corretoras locais contou com cinco big techs, sendo Microsoft e Amazon os principais destaques, com cinco recomendações cada uma. O InfoMoney levantou as sugestões de sete casas diferentes.

        Para a Toro Investimentos, a criadora do Windows é um bom negócio porque apresenta um “amplo portfólio de produtos e serviços” e o poder de fidelização da marca é “elevado” por causa do “custo de substituição ou, em alguns casos, a ausência de concorrentes no mesmo nível de qualidade e preço”. Já sobre a Amazon, a casa disse que a companhia se destaca porque tem “presença global e conta com pouco menos de 38% de participação de mercado nos Estados Unidos”.

        Veja lista completa:

        EmpresaNº de recomendaçõesRetorno em julho
        Microsoft (MSFT34)57,60%
        Amazon (AMZO34)5-3%
        Alphabet (GOGL34)49%
        Meta (M1TA34)35,69%
        JPMorgan (JPMC34)3-0,40%
        Nvidia (NVDC34)312%

        Fontes: Empiricus, XP Investimentos, BTG Pactual, Itaú Unibanco, Terra, Toro (Santander) e Genial.

        Renda fixa no exterior

        No início deste mês, especialistas consultados pelo InfoMoney disseram que os Treasuries americanos, equivalentes aos títulos do Tesouro, continuam sendo o carro-chefe, visto que estão pagando rendimento de 4,20% ao ano nesta quarta, nível historicamente elevado, com retorno passivo em dólar.

        Fonte: InfoMoney