
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta sexta-feira (4), no Fórum de Lisboa, que a expansão do PCC para setores da economia formal não pode ser tolerada, ressaltando que essa facção amplia seu poder “no centro da legalidade”, e defendeu uma resposta estatal firme e integrada.
O PGR fez referência a uma reportagem da Folha de S.Paulo, publicada nesta semana, que revelou que a Faria Lima já começou a medir o “risco PCC”, com investidores avaliando impactos no mercado de energia, fundos e fintechs.
“As facções criminosa agora estão atuando na área de combustíveis, transportes públicos, saúde e serviços urbanos, mercado imobiliário e mercado financeiro”, ressaltou Gonet, frisando que essa penetração representa a formação de uma “economia paralela”. “Isso não pode acontecer”.
Segundo Gonet, o PCC já movimenta cerca de US$ 300 bilhões internacionalmente, operando em múltiplas jurisdições e exigindo estratégias judiciais e investigativas atualizadas. O procurador ressaltou que a abordagem tradicional, focada em crimes de rua, não se aplica mais a essas organizações:
“A técnica de abordagem tem que ser lúcida, eficiente e atualizada com a nova forma de atuação dessas organizações”, falou.
Ele explicou que a resposta institucionais envolve integração entre o Ministério Público federal e estaduais e as polícias, com ênfase em inteligência financeira. Citou 18.762 relatórios produzidos em 2024, além da ampliação do compartilhamento de dados com o STF, sem necessidade de prévia autorização judicial.
Para prevenir esse avanço, o PGR destacou a PEC de cooperação em segurança pública proposta por Lewandowski, que fortalece o federalismo cooperativo entre estados e União, eliminando entraves burocráticos que fragilizam ações. Segundo Gonet, a cooperação deve ser ampla, célere e respeitar direitos fundamentais: “não se combate o crime atuando da mesma forma que os criminosos”.
Fonte: InfoMoney