
O PSOL está rachado em dois grupos, e o embate entre as alas virou troca de acusações nos bastidores. A ala majoritária, liderada por Guilherme Boulos, defende o apoio ao governo Lula, enquanto a minoritária, encabeçada por Glauber Braga (PSOL-RJ), acusa o partido de se afastar de seus princípios socialistas.
Guilherme Boulos comanda a ala mais forte do PSOL, que conta com sete deputados listados além dele. Seu grupo considera essencial manter a aliança com Lula para enfrentar Jair Bolsonaro (PL) e a extrema-direita. No entanto, a ala minoritária reclama da aproximação do grupo de Boulos com o PT, do afastamento de princípios socialistas, da falta de críticas ao governo Lula e da possibilidade de apoiar medidas de austeridade fiscal.
Glauber Braga lidera a ala dissidente, que soma outros quatro parlamentares além dele. Ele e seus aliados afirmam que o PSOL perdeu a independência e está “engolido” pelo governo petista. Glauber, conhecido pelo estilo combativo, já foi descrito como alguém que “perde o controle” em reuniões e enfrenta resistência dentro da própria bancada.
QUEM ESTÁ EM CADA GRUPO
Ala majoritária (pró-Boulos e aliada de Lula):
Célia Xakriabá (MG): Educadora e ativista indígena do povo xakriabá. Foi a primeira mulher indígena eleita deputada federal por Minas Gerais. Mestre em desenvolvimento sustentável (UnB) e doutoranda em antropologia (UFMG). Luta pelos direitos indígenas e educação.
Erika Hilton (SP): Primeira mulher trans eleita para a Câmara Municipal de São Paulo e, em 2022, deputada federal mais votada do PSOL no estado. Ativista pelos direitos humanos e da população LGBTQIA+.
Ivan Valente (SP): Engenheiro e político com longa trajetória na esquerda. Ex-PT, ajudou a fundar o PSOL. Deputado federal desde 1995, com forte atuação em educação, direitos humanos e políticas sociais.
Luciene Cavalcante (SP): Educadora e sindicalista, com foco na valorização dos professores e ensino público. Eleita deputada federal por São Paulo em 2022.
Pastor Henrique Vieira (RJ): Pastor evangélico, ator e ex-vereador de Niterói (RJ). Conhecido por sua postura progressista e defesa dos direitos humanos. Deputado federal desde 2022.
Talíria Petrone (RJ): Professora e ex-vereadora de Niterói (RJ). Eleita deputada federal em 2018 e reeleita em 2022. Defende direitos das mulheres, igualdade racial e educação pública.
Tarcísio Motta (RJ): Professor e historiador, ex-vereador no Rio de Janeiro. Atuação forte em defesa da educação, cultura e direitos humanos. Eleito deputado federal em 2022.
Ala minoritária (liderada por Glauber Braga, crítica ao governo):
Chico Alencar (RJ): Historiador e político com longa trajetória na esquerda. Ex-PT e um dos fundadores do PSOL. Foi deputado estadual e federal, com foco em educação, ética na política e direitos humanos.
Fernanda Melchionna (RS): Bibliotecária e ex-vereadora de Porto Alegre. Eleita deputada federal em 2018. Defende serviços públicos, direitos das mulheres e transparência na gestão pública.
Luiza Erundina (SP): Assistente social e ex-prefeita de São Paulo (1989-1992). Deputada federal por vários mandatos e uma das referências históricas do PSOL. Atuação voltada para justiça social e democracia.
Sâmia Bomfim (SP): Ex-vereadora em São Paulo, eleita deputada federal em 2018. Ativista feminista, defende os direitos das mulheres, juventude e educação pública.
O QUE ESTÁ EM JOGO
O racha se acirrou após as eleições municipais e a derrota da ala minoritária na convenção do partido. Boulos foi acusado de pressionar por uma federação com o PT e de apoiar medidas de austeridade fiscal. Glauber chegou a discutir sua desfiliação do partido, mas sem adesão significativa de seus aliados.
Enquanto a disputa interna segue exposta ao público, a liderança nacional do PSOL tenta amenizar a crise. A presidente do partido, Paula Coradi, mantém silêncio sobre o conflito, enquanto Talíria Petrone, líder da sigla na Câmara, defende que as tensões são parte do “amadurecimento” da legenda.
Fonte: FolhaPress