
Filho de cofundadora da Sabin criou a Vero Brodo para se contrapor aos tradicionais caldos em cubinhos
Depois de quase 10 anos como CEO da GlobalFruit, especializada em envasar bebidas para marcas de terceiros, de companhias como Coca-Cola e Ambev, Rafael Vaz decidiu experimentar de novo o outro lado e criar o próprio produto. Foi assim que surgiu a Vero Brodo, de caldos de cozinha líquidos em caixa, um negócio que chegou a atrair para a sociedade uma das maiores cantoras do país, Ivete Sangalo, e seu marido, o bacharel em nutrição Daniel Cady.
Filho de Janete Vaz, uma das fundadoras da Sabin – um dos maiores grupos de diagnóstico e saúde do país –, o brasiliense tem o empreendedorismo no DNA da família. Aos 19 anos, quando voltou de uma temporada morando na Nova Zelândia, Vaz passou a tentar montar vários negócios, ainda que sem sucesso. “Eu era jovem, então tentava dar um jeito. Como Como qualquer empreendedor, queria tirar um coelho da cartola”, brincou.
Nesse percurso, falhou, por exemplo, ao tentar levar para Brasília a marca de vestuário Osklen e para o Brasil a água Voss, e acabou como trainee na Sabin, assumindo a operação de um laboratório de análise de alimentos. Uma faculdade de administração e um curso em Harvard depois, o CEO chegou ao conselho da companhia da família, o que o fez vislumbrar novas possibilidades para as ideias que tinha. Então, em 2015, criou a Native Berries, de açaí.
A ideia era exportar a típica iguaria brasileira mundo afora, e deu certo. Por dois anos consecutivos, a empresa foi a principal marca de açaí nos Emirados Árabes. E também conseguiu chegar ao Whole Foods – maior rede de supermercados dos Estados Unidos. Ao serem aceitos para operar em toda a rede, a demanda cresceu. Naquele momento, nasceu a GlobalFruit.
A Native chegou à pandemia faturando R$ 6 milhões por ano, mas Vaz conta que o negócio apenas se pagava. Então, ao tentar levar um suco de açaí para o mercado americano, descobriu o modelo de negócios da indústria co-packer, de envasamento. Ele explica que, normalmente, as indústrias têm as próprias marcas e só terceirizam caso haja algum espaço sobrando. “Nós enxergamos ali um potencial de ser uma indústria dedicada a terceirizar o serviço de envase”, contou.
A Native, sem conseguir ir além do breakeven, acabou fechada, mas a GlobalFruit prosseguiu (Vaz segue como CEO) e envasa mais de 12 milhões de litros de bebidas não lácteas e não alcoólicas por mês. A companhia tem grandes clientes no portfólio, como Ambev e McDonald’s (para sucos do Brasil, Argentina e Uruguai), além de Coca-Cola e Del Valle, entre entre outras marcas próprias de redes, como Carrefour.
Quando a Coca-Cola fechou seu parque fabril no Espírito Santo, em 2020, a empresa migrou para a GlobalFruit, o que Vaz define como uma grande validação do modelo que havia implementado na indústria. Ao mesmo tempo, ele afirma que a Coca-Cola acabou tomando uma proporção grande dentro do negócio, o que não era sustentável em termos de dependência do cliente para continuar funcionando.
“E aí, como é que a gente consegue diluir essa capilaridade?”, se perguntou. Avaliando que a categoria de sucos no país tem se mostrado instável – ele cita o evento climático no Rio Grande do Sul este ano e como isso afetou a distribuição de frutas principais –, o CEO começou a buscar produtos que trariam valor agregado ao negócio.
Durante a pesquisa, Vaz se deu conta de que enquanto países da Europa e também os Estados Unidos já tinham mercados consolidados apenas de caldos líquidos feitos a partir de produtos naturais, o Brasil é mais conhecido por caldos feitos a partir de cubinhos industrializados. Em 2025, esse segmento pode bater quase R$ 3 bilhões em faturamento.
A Vero Brodo – que significa o verdadeiro caldo em italiano – começou nesse cenário, em junho deste ano, com o empreendedor apostando na baixa concorrência devido à complexidade do mercado. O empresário ressalta que a própria Knorr possui esse produto natural na Europa, mas aqui não. “A gente destaca muito que nossos caldos são feitos de ingredientes que você conhece, justamente por serem produtos de verdade, em vez água, carne e de ossos”, disse.
Por ser um segmento difícil de entrar, Vaz entendeu que precisava de grandes nomes para divulgar o produto. E assim chegou a Ivete Sangalo e Daniel Cady, com o CEO enxergando neles uma grande oportunidade. Como bacharel em nutrição, Cady participou de todas as etapas, desde o desenvolvimento das fórmulas à validação do produto.
Já tendo faturado R$ 4 milhões nos últimos sete meses, a Vero Brodo já tem distribuidores em vários estados do país, e quer estar por todo ele em 2025, com cerca de três mil pontos de venda. Além disso, para o próximo ano também há uma meta que o CEO define como audaciosa, de faturar R$ 45 milhões.
Fonte: ValorPipeline