Economia
Quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Dólar sobe acima de R$ 5,60 com o mercado analisando deflação e EUA

O dólar subia nesta terça-feira, 10, à medida que investidores analisavam novos dados moderados do IPCA para agosto e aguardavam números de inflação dos Estados Unidos, a fim de determinar a trajetória da política monetária local e do Federal Reserve.

Às 10h40, o dólar à vista subia 0,41%, a 5,606 reais na venda. Veja cotações.

Na segunda-feira, o dólar à vista fechou em leve baixa de 0,14%, cotado a 5,5817 reais.

Nesta manhã, investidores globais demonstravam cautela antes da divulgação do relatório de inflação ao consumidor dos EUA na quarta-feira, o último antes da próxima reunião do Fed, em 17 e 18 de setembro, com os números podendo definir o tamanho do corte de juros a ser feito pelo banco central.

A expectativa de analistas consultados pela Reuters é de que o índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) registre alta de 0,2% em agosto, inalterado em relação ao mês anterior. Em 12 meses, a projeção é que a alta dos preços desacelere para um avanço de 2,6%, de 2,9% em julho.

Na visão dos mercados, é certo que o Fed reduzirá sua taxa de juros, atualmente na faixa de 5,25% a 5,50%, na reunião de setembro, uma vez que o chair Jerome Powell afirmou no mês passado que “chegou a hora” de ajustar a política monetária para evitar um esfriamento adicional do mercado de trabalho.

Mas os operadores continuam ponderando o tamanho do corte, à medida que o último relatório de emprego antes da reunião, divulgado na sexta-feira, mostrou dados mistos que não ajudaram a consolidar as apostas em torno de uma redução de 25 ou 50 pontos-base.

A leitura de inflação pode ajudar na decisão do Fed, seja mostrando que a alta dos preços caminha com segurança em direção à meta de 2% ou que ainda é necessário algum nível de restrição da política monetária para controlá-la.

Dessa forma, investidores permaneciam cautelosos, com o dólar oscilando pouco frente a maioria de seus pares fortes e emergentes.

“No exterior, a véspera do CPI deixa os mercados avessos ao risco e o clima de cautela predomina, diante do possível cenário de recessão ou de um pouso suave da economia norte-americana”, disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,03%, a 101,620. A divisa norte-americana ainda tinha pouca variação ante o peso colombiano, o peso chileno e o rand sul-africano.

Deflação no Brasil

No cenário nacional, o mercado digeria novos dados do IPCA em agosto, em busca de sinais sobre a trajetória dos preços no Brasil e, consequentemente, sobre os futuros movimentos do Banco Central na taxa Selic, à medida que agentes financeiros projetam uma alta de juros na reunião da próxima semana.

O IBGE informou que o IPCA teve queda de 0,02% em agosto na base mensal, ligeiramente abaixo da expectativa de economistas consultados pela Reuters de alta de 0,01%. Em 12 meses, o índice desacelerou para um avanço de 4,24%, de 4,50% em julho.

O resultado, apesar de representar uma desaceleração em relação ao mês anterior, ainda mostrou uma inflação distante do centro da meta de 3% perseguida pelo BC, o que tem sido motivo de preocupação para os membros da autarquia.

Esse distanciamento, somado a dados fortes do PIB brasileiro para o segundo trimestre, tem gerado expectativa de alta na Selic, atualmente em 10,50% ao ano, já na próxima reunião do Copom, em 17 e 18 de setembro.

“Diante de uma atividade econômica mais forte do que esperado, de uma inflação que, apesar do dado benigno em agosto, deve terminar o ano próximo da banda superior da meta, de expectativas de inflação desancoradas e uma taxa de câmbio acima de 5,50 reais, o BC deverá iniciar um ciclo de ajuste gradual da taxa de juros na próxima reunião”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Operadores colocam 98% de chance de o BC elevar os juros em 25 pontos-base na próxima semana, com mais altas nas reuniões seguintes.

O aumento projetado para a Selic, junto da perspectiva de cortes de juros nos EUA, é, em tese, positivo para o real, uma vez que a moeda brasileira se torna atrativa com um maior diferencial de juros entre as duas economias.

Fonte: Reuters