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Quarta-feira, 3 de julho de 2024

As ‘jaulinhas’ que estão acelerando a logística das lojas da ‘nova Americanas

Projeto em operação em todas as mais de 1.600 pontos de venda da varejista pelo país reduziu tempo de abastecimento de lojas de duas horas para 40 minutos

Faz um ano e meio que as Lojas Americanas encaram o desafio de seguir suas operações em meio a uma crise financeira que marca um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do país.

Em janeiro de 2023, a varejista comunicou um rombo bilionário em suas contas, que acabou revelando dívidas que passam dos R$ 42 bilhões e centenas de credores, notícia seguida por anúncios de demissões e fechamento de lojas físicas. Desde então, a companhia, de capital aberto, vem divulgando seus balanços com atrasos e sem auditoria.

Segundo a empresa, resultados auditados serão divulgados apenas após o final da investigação de um comitê “independente” formado para apurar o escândalo contábil bilionário.

Jaulinhas dão maior agilidade no abastecimento de lojas

Entre suas estratégias para manter o fôlego, a varejista anunciou um projeto de sua área de logística, em que a estrela é um carrinho – oficialmente um rolltainer- que lembra uma pequena jaula, onde são acomodados os produtos, e que estão ajudando a empresa a reduzir seu tempo de descarga no ponto de vendas de duas horas para 40 minutos; em alguns casos, para 15 minutos. E tempo, como sabemos, é dinheiro.

“Parece simples, mas tem impacto gigantesco em toda a cadeia física. Onde está o motor hoje. A solução é bonita justamente pela simplicidade. O maior investimento foi mais em planejamento e gestão, somados ao engajamento da empresa inteira, que entrou em clima de competição entre lojas sobre qual executava o processo de descarregamento e abastecimento de maneira mais rápida e eficiente”, conta Luiz Bentes, diretor de Logística da Americanas.

carrinhos rolltainers na logística da Americanas Projeto Pit Stop
carrinhos rolltainers na logística da Americanas Projeto Pit Stop‘Jaulinha’ em atuação: carregada no centro de distribuição para ir direto para o caminhão e abastecer a loja o mais rapidamente possível (foto: Lucas Jones/Divulgação) (Crédito:Lucas Jones/Divulgação)

São 14 mil carrinhos feitos sob medida na China e com capacidade para 400 quilos, o que, em espaço, equivale a 35 mil KitKats acomodados em um caminhão modelo toco. Após esvaziados, os carrinhos podem ser dobrados para facilitar o transporte de volta ao centro de distribuição.

Quando o caminhão encosta na loja para fazer a descarga, diz Bentes, entra em operação uma série de aplicativos, desenvolvidos para o projeto, que vão desde o destravamento do veículo, passando pela segurança, e pelo acompanhamento remoto de uma “torre de controle” que monitora a ação de abastecimento feita com a ajuda dos carrinhos.

Luiz Bentes, diretor de logística da Americanas
Luiz Bentes, diretor de Logística da Americanas (foto: divulgação) (Crédito:Divulgação/Americanas)

“Dizemos que é uma nova logística para atender a uma nova Americanas. Temos foco nas lojas física. Com o novo projeto, atendemos mais rápido, impacta em menos ruptura [falta de produto], usa melhor o tempo, atende mais lojas dentro da mesma rota. Tem um impacto em toda cadeia logística, pois a loja tem que estar focada em vender”, avalia Bentes.

Projeto foi batizado de Pit Stop

O projeto se inspirou justamente nesse momento crucial de abastecimento e manutenção dos carros de Fórmula 1, quando a equipe precisa estar operando de forma integrada, rápida e eficiente.

“Desafiamos o time sobre como fazer de maneira mais produtiva, mais efetiva, então a ideia é esse paralelo à Fórmula 1, fazer igual, onde cada um tem seu papel, saber o que e quando executar. Atendemos 500 lojas por dia, e é um momento crítico da logística. Uma das coisas importantes para dar o giro nas operações de loja é o descarregamento. Cada minuto em tempo de descarga tem um fator multiplicativo gigante”.

O piloto do projeto ocorreu no final de 2003 entre centros de distribuição e lojas nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pará. “Foi bem importante na sazonalidade do período de Natal e, principalmente, na Páscoa, uma das principais datas para a empresa”, relata Bentes. E, no começou de junho, passou a operar em todas as lojas pelo país.

A empresa antecipou, sem detalhar, que o projeto Pit Stop é parte de um processo maior de mudanças em suas operações logísticas que serão anunciadas em breve.

Fonte: IstoéDinheiro