Economia
Terça-feira, 23 de julho de 2024

Pedidos de recuperação judicial aumentam quase 70% em 2023, aponta Serasa

O número de empresas que entraram com pedidos de recuperação judicial bateu recorde histórico em 2023. Segundo o Indicador de Falência e Recuperação Judicial da Serasa Experian, a Justiça recebeu 1.405 solicitações do tipo no ano passado, o índice mais alto desde o início da série histórica, em 2005. O número representa uma alta de 68,7% na quantidade pedidos em comparação a 2022.

“Em 2023, testemunhamos um surpreendente aumento no índice de recuperações judiciais no Brasil, ultrapassando o patamar de 1.400 pedidos, assim como os anos de 2017 (1.420) e 2018 (1.408)”, comenta o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.

“O ano passado foi marcado por um recorde de inadimplência das empresas, influenciando significativamente o panorama da recuperação judicial. Embora os sinais de melhoria tenham começado a surgir, como a queda da inflação e das taxas de juros, a reação no cenário de recuperação judicial mostra-se mais lenta”, acrescenta.

O mês com maior concentração de pedidos de recuperação judicial foi novembro. Se no décimo primeiro mês de 2022 foram protocolados 59 pedidos, em novembro do ano passado foram 175. Confira o gráfico a seguir:

Fonte: Serasa Experian

Pedidos de recuperação judicial por setor

O setor de serviços foi o que registrou a maior parte dos requerimentos de recuperação judicial em 2023, com 651 pedidos. O setor de Comércio vem na sequência, com 379 solicitações. A Indústria registrou 254 protocolos, enquanto no setor primário foram 121 empresas que entraram com a solicitação à Justiça. Abaixo, o gráfico com os números por setor:

Já em relação aos portes, as “micro e pequenas empresas” (MPEs) foram as que mais demandaram por recuperação judicial, com 939 pedidos. Em seguida, estavam os “médios negócios” (331) e os “grandes” (135).

O Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações Judiciais é construído a partir do levantamento mensal das estatísticas de falências (requeridas e decretadas) e das recuperações judiciais e extrajudiciais registradas mensalmente na base de dados da Serasa Experian, provenientes dos fóruns, varas de falências e dos Diários Oficiais e da Justiça dos estados. O indicador é segmentado por porte.

Solicitação de falências fecha o ano com alta de 13,5%

Os pedidos de falências também tiveram alta em 2023: foram 983 pedidos ante 866 registrados em 2022, um aumento de 13,5%. Foram as “micro e pequenas empresas” que puxaram a alta (546), seguidas pelas “médias” (231) e pelas grandes companhias (206). O setor que mais demandou pelos pedidos foi o de “Serviços” (373), seguido por “Indústria” (311), “Comércio” (292) e “Primário” (7).

A seguir, confira o gráfico com todas as informações na íntegra:

Fonte: Serasa Experian.

Pedidos de recuperação judicial devem continuar subindo

O número de pedidos de recuperação judicial deve continuar em nível elevado, com a possibilidade de bater novos recordes no início de 2024. A previsão é da Siegen Consultoria, especializada em recuperação de empresas, que com base em experiência de mais de 300 projetos realizados com companhias de vários setores considera que a tendência para 2024 é de um número expressivo de pedidos, em que pese uma provável melhora do cenário econômico.

“A tendência é que tenhamos em 2024 o mesmo volume do 2º. semestre deste ano”, afirma o CEO da Siegen, Fabio Astrauskas.

O executivo atribui os seguidos recordes no volume de solicitações de recuperação em 2023 a quatro principais fatores: baixo crescimento da atividade econômica; queda na margem de contribuição (valor do preço de venda menos os custos e despesas variáveis) por conta do aumento da MP sem repasse total para o preço final; aumento dos custos fixos, incluindo com Pessoal, pelos dissídios coletivos expressivos acumulados em 2021 e 2022; e crescimento das despesas financeiras, pelo aumento da taxa de juros a partir de 2022.

Fonte: IstoéDinheiro