Agronegócio
Domingo, 5 de maio de 2024

Ciclo de baixa nos preços e acréscimo tímido na produção devem marcar pecuária em 2024

Ritmo de importação da China, impacto do El Niño na qualidade das pastagens e a representatividade da Austrália nas negociações movimetam mercado do boi gordo, segundo avaliação do Rabobank

Em 2024, a estabilidade do mercado de proteína animal permanecerá incerta devido a uma combinação de fatores, incluindo geopolítica, condições climáticas, riscos sanitários e o poder de compra global. No cenário brasileiro, influências internas incluem o ritmo de importação pela China, os efeitos do El Niño na qualidade das pastagens e a representatividade da Austrália nas negociações.

Quanto à carne bovina, o Rabobank prevê um aumento de 1% a 2% na produção brasileira, chegando a 9,112 milhões de toneladas equivalentes de carcaça. Até o momento, os preços retraídos são esperados, refletindo a desvalorização de 30% no boi gordo ao longo de 2023.

Wagner Yanaguizawa, analista de proteína animal do Rabobank, destaca que os preços baixos do leite estimularam o abate de fêmeas, uma tendência que deve persistir no próximo ano, aumentando o consumo interno em 0,5%.

Quanto ao mercado externo, o Rabobank prevê um aumento na demanda chinesa de 5% a 6%, o que pode beneficiar as exportações brasileiras. A China importa 41% de sua carne bovina da pecuária brasileira, representando 52% das exportações brasileiras.

Nos Estados Unidos, o segundo maior importador brasileiro, espera-se um aumento na demanda externa no próximo ano. No entanto, a Austrália pode desempenhar um papel mais proeminente devido à seca, impulsionando os níveis de abate e aumentando a oferta global.

No setor de carne suína, a produção global deve enfraquecer em 2024, exceto no Brasil, onde o Rabobank prevê um crescimento de 3,5%. As exportações globais devem aumentar de 3% a 4%, com a China liderando o aumento das importações em 8%. Yanaguizawa destaca as oportunidades no mercado chinês e a possibilidade de expandir para Singapura.

A questão climática também é um fator crucial, pois a nova safra recorde de grãos pode impactar significativamente a rentabilidade da suinocultura, considerando que os insumos representam entre 70% e 80% dos custos de produção.

Fonte: Exame