Economia
Domingo, 30 de junho de 2024

Copom alerta para aumento da incerteza fiscal em ata divulgada nesta terça

Segundo diretores do BC, incerteza em torno da própria meta estabelecida elevou os prêmios de risco

Após emitir um comunicado suave quando reduziu a taxa de juros para 12,25% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) enviou uma mensagem clara ao governo sobre a crescente incerteza fiscal devido ao debate sobre a alteração da meta de zerar o déficit público. Os diretores do Banco Central (BC) declararam que o cumprimento do objetivo estabelecido pelo Ministério da Fazenda é crucial para a estabilidade das expectativas de inflação e a redução das taxas de juros.

“O Comitê vinha observando que a incerteza fiscal estava centrada na realização das metas apresentadas, mas agora nota que, recentemente, a incerteza em torno da própria meta fiscal estabelecida aumentou, o que resultou em um prêmio de risco mais elevado. Dada a importância do cumprimento das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, portanto, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a necessidade de perseverar no alcance dessas metas”, informou o BC na ata.

Na prática, o BC indicou que a alteração da meta fiscal, aliada à incerteza nos mercados internacionais, pode impedir a redução das taxas de juros.

“O Comitê reiterou a visão de que a diminuição no esforço das reformas estruturais e da disciplina fiscal, juntamente com o aumento do crédito direcionado e as incertezas em relação à estabilização da dívida pública, têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, o que terá efeitos prejudiciais sobre a eficácia da política monetária e, consequentemente, sobre o custo da desinflação em termos de atividade”, reforçou o BC.

Extensão dos cortes

O Copom reiterou na ata a intenção de continuar reduzindo a taxa Selic em 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. A incerteza entre os analistas – e todos os que acompanham de perto a política monetária e econômica – reside na maneira como a autoridade monetária agirá a partir de 2024, quando terá mais dois membros nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No mercado, as expectativas mudaram para que a redução das taxas de juros termine em 2023 em 11,75% ao ano, com mais três reduções consecutivas de 0,5 ponto percentual. Houve alguma discussão inicial sobre um ritmo mais acelerado de 0,75 ponto percentual, mas isso perdeu força. No entanto, para 2024, ainda não está claro como o BC se comportará.

Fonte: Exame