Política
Sábado, 19 de abril de 2025

Bolsonaristas usam atrito de Tarcísio com Mendonça para frear privatização

Aliados de Jair Bolsonaro contrários ao projeto de privatização da Sabesp contam com uma rusga entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça para frear o processo. O magistrado, que é relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida por PSOL e PT contra a venda da empresa, tentou emplacar o advogado Maxwell Borges de Moura Vieira, seu aliado, em uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), mas perdeu a disputa.

Tarcísio ficou do lado do cacique do PL, Valdemar Costa Neto, e de seu secretário de Governo, Gilberto Kassab, e apoiou o ex-deputado federal Marco Aurélio Bertaiolli (PSD-SP), que tomou posse em outubro. O governador chegou a se reunir com os deputados da base para pedir apoio a Bertaiolli. Dos 94 integrantes da Assembleia Legislativa, 62 assinaram a indicação do nome do deputado, enquanto apenas 37 endossaram o apadrinhado de Mendonça.

Ofensiva

Auxiliares de Bolsonaro prometem uma ofensiva no STF contra a privatização da Sabesp. Eles pretendem levar a Mendonça elementos que o convençam a decidir favoravelmente à ação, como revelou a Folha de S. Paulo e confirmou o Estadão.

A ADI ataca um decreto editado por Tarcísio em agosto, que facilita o processo de privatização. O magistrado poderia ter declarado o decreto inconstitucional liminarmente – deixando a normativa suspensa até o plenário do STF terminar de julgar a ação -, mas decidiu adotar um rito mais demorado.

Antes de decidir se concede ou não a liminar, ele abriu prazo para o governo de São Paulo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestarem. Ontem, o processo aguardava manifestação do governo de São Paulo, que é o primeiro da fila.

A ofensiva prometida por bolsonaristas se aproveita ainda da onda de críticas às privatizações causada pelo apagão que atingiu a capital paulista nos últimos dias e deixou mais de 2,1 milhões de pessoas no escuro. Partes da região metropolitana ainda estavam sem energia até esta terça. A Enel, fornecedora de energia, comprou a Eletropaulo, desestatizada em 2018.

Levantamento feito pela Quaest a pedido do Estadão mostrou que, das 560 mil menções feitas ao apagão nas redes sociais, quase metade (42%) menciona Tarcísio ou Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo.

Procurados, nem o ministro André Mendonça nem o governo de São Paulo se manifestaram sobre o assunto até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.

Fonte: O Estado de S. Paulo.