Agronegócio
Segunda-feira, 6 de maio de 2024

Produtora aposta na biotecnologia como forma de investir na saúde do solo

Na Fazenda Santa Helena, Maíra Coscrato dedica 450 hectares para o cultivo de soja, injetando recursos em sementes com tecnologia que diminuiu a aplicação de defensivos químicos

Há nove anos, no município de Guaíra, no interior de São Paulo, Maíra Coscrato tomou a decisão de deixar sua carreira como professora para se juntar ao seu irmão na administração da Fazenda Santa Helena. À frente desse empreendimento rural, ela se dedica à produção de soja, milho, sorgo e feijão, com um forte compromisso com a sustentabilidade, incluindo a retenção de carbono no solo.

Ela adota práticas como a rotação de culturas e o uso de plantas de cobertura, como aveia preta, centeio, nabo forrageiro, ervilhaca, milheto, trigo, entre outras. Além disso, Maíra Coscrato destaca a importância de acompanhar os avanços da biotecnologia, pois a inoculação de proteínas nas sementes permite a redução do uso de defensivos químicos.

Ela afirma: “Hoje, com o plantio direto e a rotação de culturas de forma sistemática, juntamente com a biotecnologia e os bioinsumos, conseguimos diminuir as doenças do solo e aumentar a produtividade.” Somente na produção de soja, a fazenda possui 450 hectares, e a produtividade média chegou a 110 sacas por hectare após a combinação dessas práticas.

Na prática, a biotecnologia nas sementes estimula um sistema de defesa nas plantas, o que pode ajudar a controlar pragas, como a lagarta. No entanto, ela esclarece que o objetivo não é erradicar as pragas, mas sim evitar a necessidade de aplicar inseticidas, reduzir a mortalidade das espécies e a contaminação do solo. A biotecnologia, portanto, se torna uma estratégia para promover o equilíbrio nutricional, biológico e físico do solo.

“Nós acreditamos que o nosso trabalho de manejo do solo é fortemente baseado em biotecnologia. Com base em nossas análises, podemos até plantar soja sem adubo, sem insumos químicos e sem a adição de potássio. Pensando no sistema produtivo, paramos as atividades da Fazenda Santa Helena a cada terceira safra para realizar a reciclagem de nutrientes, apenas com o uso de plantas de cobertura”, ela afirma.

Maíra Coscrato explica que, em safras anteriores, o manejo da lavoura costumava envolver a aplicação de produtos químicos, mas nas últimas safras, houve uma preferência crescente por métodos biológicos. Como resultado, ela observou um aumento na disponibilidade de nutrientes com raízes mais profundas, um fator relevante na área da agronomia.

“Essa abordagem tem se consolidado a cada ano e se traduz em maior rentabilidade, incluindo o cultivo de novas variedades de soja com alto potencial de produção, que também auxiliam na descompactação do solo”, afirma.

Fonte: Exame