Agronegócio
Segunda-feira, 6 de maio de 2024

Por que o Brasil tem dificuldades em expandir as exportações de frutas?

País é o 3º maior produtor de frutas no mundo, mas apenas o 24º exportador; gargalo está relacionado à necessidade de certificações e logística

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, chegou à Índia. Até o dia 5 de novembro, uma comissão da entidade está empenhada em avançar na abertura de mercados, esclarecer questões fitossanitárias e participar presencialmente da World Food em Nova Delhi.

Simultaneamente, em São Paulo, agricultores, varejistas e profissionais envolvidos na indústria de fruticultura se reuniram para discutir a relação entre frutas e exportações. A certificação desempenha um papel fundamental em toda essa cadeia, com destaque para a Global G.A.P, amplamente reconhecida em 130 países como o selo que atesta o cumprimento das boas práticas exigidas pelo mercado internacional. No entanto, no Brasil, apenas 602 certificações estão em vigor, o que se reflete nos números de exportação.

Embora o Brasil tenha alcançado um recorde de faturamento em 2022, atingindo US$ 1,6 bilhão, esse valor é considerado modesto em comparação com o seu verdadeiro potencial de crescimento, conforme ressalta Eduardo Costa, diretor executivo da Abrafrutas. A situação se agrava quando se compara com países vizinhos, como Peru e Chile, que atingem faturamentos de US$ 5 bilhões e US$ 7 bilhões, respectivamente.

Segundo Costa, a Europa tem intensificado suas exigências em relação aos resíduos químicos em frutas, tornando urgente a necessidade de educar os produtores e obter a certificação Global G.A.P. Recentemente, uma carga de uvas, após análise no Brasil, foi rejeitada na Europa devido a inconsistências nas informações.

A Abrafrutas é responsável por 85% das frutas exportadas, sendo a União Europeia um mercado importante, representando 70% das exportações. Essa concentração em um único mercado é um desafio, e a associação está focando na diversificação de mercados.

No entanto, expandir as exportações enfrenta obstáculos culturais e logísticos. Convencer os agricultores da importância da certificação ainda é um desafio, muitas vezes relacionado a obter melhores preços. Além disso, a logística é um gargalo, com problemas em portos e aeroportos, falta de fiscalização e questões fitossanitárias.

A Apex, agência de promoção de exportações, está trabalhando na qualificação dos produtores rurais para inseri-los no mercado de exportação, incluindo pequenos e médios fruticultores. Eles capacitam os produtores, elaboram planos de exportação e estratégias de entrada em mercados, destacando a importância de certificações como a Global G.A.P.

A rastreabilidade da produção agrícola também é um tópico relevante na discussão da certificação. A demanda do consumidor por transparência e as exigências dos mercados externos estão impulsionando a necessidade de rastrear a produção desde o campo. A rastreabilidade representa, em média, cerca de 5% dos custos de produção e contribui para uma gestão mais organizada e eficiente.

Fonte: Exame