Economia
Terça-feira, 14 de maio de 2024

Copom pode revisar inflação para 2024 caso Fazenda não zere déficit, diz economista

À CNN Rádio, Bruna Centeno, economista da Blue3 Investimentos, ressaltou que o BC ainda não vê riscos no curto prazo, mas pode ter de continuar ajustando previsões caso governo Lula não cumpra a meta com o déficit primário

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou um novo corte na taxa Selic nesta quarta-feira (1) e indica que a inflação está controlada o suficiente para continuar reduzindo os juros nas próximas reuniões.

No entanto, um novo fator que entrou em cena na semana passada pode ser levado em conta nos próximos cálculos do Copom.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relativiza a necessidade de cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024. Por outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), minimizou as declarações de Lula e ressaltou que o objetivo continua no radar da área econômica.

Mas o desalinhamento foi um sinal de alerta para o mercado.

“O governo deixou claro que não está tão preocupado em perseguir as metas estabelecidas”, avaliou a economista da Blue3 Investimentos Bruna Centeno, em entrevista à CNN Rádio.

“Neste primeiro momento, o Copom não trouxe isso como um ponto de atenção. Mas no comunicado, apesar de não ter citado os ruídos econômicos, houve uma mudança que pode considerar esse cenário doméstico: fizeram revisão da inflação para 2024 e 2025”, acrescenta.

A projeção do Copom para a inflação no ano que vem subiu de 3,5% para 3,65%, enquanto para 2025 a estimativa foi elevada de 3,1% para 3,2%.

Na avaliação da economista da Blue3 Investimentos, um eventual descompromisso do governo com as contas públicas pode resultar num ritmo menor de redução da taxa básica de juros nos próximos dois anos.

“Se o Copom tinha um ponto final para a Selic no ano que vem, terá de ser mais cauteloso e até revisar essa expectativa”, analisa. “Se tivermos piora da inflação por conta dessa movimentação política de não se cumprir a parte fiscal, talvez a gente possa observar um orçamento total de cortes na Selic menor do que o esperado.”

Por outro lado, Bruna Centeno ressaltou que a maior preocupação do Comitê de Política Monetária no momento é a projeção de elevação dos juros nos Estados Unidos.

Nesta quarta-feira (1), o Federal Reserve System (Fed – Banco Central dos Estados Unidos) anunciou a manutenção da taxa de juros entre 5,25% a.a. e 5,50% a.a., mas manteve na mesa a possibilidade de elevações ainda este ano.

Fonte: CNN