Agronegócio
Segunda-feira, 6 de maio de 2024

Agtechs brasileiras receberam 75% do investimento em startups do agro na América Latina

De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a América Latina enfrentará a necessidade de aumentar sua produção agrícola em 80% até 2050 para suprir a crescente população global, e esse crescimento deve ocorrer com ênfase na produtividade e sustentabilidade, ou seja, produzir mais sem expandir para novas áreas agrícolas. Esse cenário tem impulsionado o crescimento das agtechs, as startups do setor agrícola, nos últimos anos. O Brasil lidera com grande vantagem, abrigando 76,5% das agtechs na região, ou seja, 598 das 769 existentes. Desde 2017, as agtechs brasileiras participaram de 261 rodadas de investimento, totalizando um montante de 491 milhões de dólares, o que corresponde a 75% do total da América Latina.

Os dados foram apresentados no relatório “Agtech Report 2023”, elaborado pela plataforma de inovação Distrito. O Brasil é seguido pela Argentina, com 44 rodadas e 102 milhões de dólares em investimentos durante o mesmo período, e pela Colômbia, com 12 rodadas e 52 milhões de dólares investidos.

O ano anterior registrou um recorde de investimentos, mesmo com um declínio no mercado de capital de risco em outros setores. Foram realizadas 74 rodadas de investimento, movimentando um total de 273 milhões de dólares, mais que o dobro do registrado em 2021.

O relatório aponta que esse aumento nos investimentos pode ser explicado por diversos fatores, incluindo o crescente interesse em questões ambientais e na sustentabilidade da produção de alimentos, impulsionado por consumidores preocupados com essas questões. Além disso, o avanço de novas tecnologias, como inteligência artificial, blockchain e internet das coisas, tem contribuído para o desenvolvimento de soluções mais sustentáveis no setor.

No geral, o mercado de agtechs na América Latina movimentou 650 milhões de dólares desde 2017, com um crescimento significativo nos negócios relacionados ao capital de risco, especialmente entre 2020 e 2022.

No entanto, apesar desse crescimento, o setor ainda não produziu nenhuma empresa unicórnio, o que é atribuído, em parte, à limitação de conectividade nas áreas rurais. No Brasil, a expansão da telefonia nas zonas rurais poderia potencialmente aumentar a produção agrícola em até 100 bilhões de reais, de acordo com a Esalq/USP.

A plataforma Distrito acredita que o setor está amadurecendo, com mais investidores nos últimos anos, um aumento nas rodadas de investimento e mais capital disponível. Eles preveem que um unicórnio agro pode surgir nos próximos cinco anos se o setor continuar a se desenvolver da mesma forma.

O relatório da Distrito também analisa as áreas de atuação das startups agro em seis categorias, com destaque para a produção e gestão, que representam a maioria das startups mapeadas na América Latina. No Brasil, a categoria “Produção” é menos representativa, e a preferência se volta para soluções em finanças e gestão.

A maioria das agtechs na América Latina atende ao mercado B2B, principalmente produtores rurais, e essa porcentagem é ainda maior no Brasil, superando os 80%.

A pesquisa também identifica a agricultura de precisão como a maior subcategoria das startups agro na região, indicando um aumento significativo de inovação no setor agrícola nos últimos anos.

Fonte: Exame