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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Ainda no prejuízo, C6 Bank turbina negócio de PJ para elevar receita

O C6 Bank está alinhado com a tendência de outros bancos digitais brasileiros, que têm focado principalmente em clientes pessoa física. No entanto, agora está intensificando seus esforços na vertente voltada para pessoas jurídicas, reconhecendo o potencial de retorno nesse nicho. Isso pode ajudar a reverter o prejuízo que a instituição ainda apresenta ao seu principal investidor, o J.P. Morgan, que recentemente aumentou sua participação na operação de 40% para 46%.

Desde sua fundação em 2019 por ex-sócios do BTG, o banco digital já oferecia serviços básicos para clientes PJ, mas começou a direcionar mais recursos para esse segmento há aproximadamente um ano. Isso incluiu a introdução de novos produtos, como contas em moeda estrangeira e seguros. Em apenas 11 meses até julho, a base de clientes PJ cresceu 50%, atingindo a marca de 1,5 milhão de empresas.

No entanto, essa vertical ainda representa apenas 5,5% dos 26,9 milhões de usuários totais do C6, que estão mais concentrados em clientes pessoa física. Essa proporção fica aquém do que alguns dos principais concorrentes digitais no mercado, que também são mais fortes no varejo. Por exemplo, o Nubank tem 3 milhões de clientes PJ, o PicPay tem 2 milhões, e o Inter tem 1,8 milhão. Por outro lado, o C6 supera alguns nomes que se especializaram desde o início em atender pessoas jurídicas, como a Cora, que possui 1 milhão de clientes.

Na sua estratégia, o C6 está se posicionando no mercado como uma instituição que oferece uma ampla gama de produtos e serviços para empresas, indo além de uma simples conta com cartão. Os clientes têm buscado um banco que possa atender suas necessidades de forma abrangente, em vez de dividir suas operações entre várias instituições financeiras diferentes.

A vertical de pessoas jurídicas do C6, no entanto, ainda não está gerando lucro por si só e está trabalhando para alcançar o ponto de equilíbrio. O banco acredita que isso está próximo de acontecer. No primeiro semestre deste ano, o C6 registrou um prejuízo de R$ 285,3 milhões, uma perda 52% menor do que no mesmo período do ano anterior.

Parte disso está relacionado à estratégia de preços do banco. Enquanto outros bancos especializados em PJ cobram taxas para transações com Pix e oferecem planos de assinatura, como a Cora e o Linker, o C6 optou por um modelo gratuito para a maioria dos serviços, acreditando que as empresas enxergarão nele uma alternativa de excelente custo-benefício.

A maioria das empresas que mantém contas no C6 é composta por Microempreendedores Individuais (MEIs) e Pequenas e Médias Empresas (PMEs) com faturamento anual de até R$ 30 milhões. Embora atenda a perfis de todos os tamanhos, a maior parte dos recursos da carteira de crédito se destina a empresas médias, seguidas pelas pequenas e micro, e por fim, as grandes empresas.

O C6 está focado em aumentar a participação de clientes de grande porte, que geralmente demandam uma variedade mais ampla de serviços. Isso não só expande a gama de produtos oferecidos, mas também aumenta o grau de envolvimento na jornada financeira dos correntistas, proporcionando mais oportunidades de cross-selling. Além dos serviços bancários, o C6 oferece produtos de investimento, que já são a terceira opção mais demandada, atrás das contas e cartões. O banco também possui sua própria vertical de pagamentos, a C6 Pay, que inclui maquininhas de pagamento.

Fonte: Pipeline Valor