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Quinta-feira, 25 de julho de 2024

Contra cambista e violência, biometria facial chega aos estádios — e atrai investidores

Com o aumento da violência entre torcidas e os problemas relacionados aos cambistas, os principais estádios do país estão buscando soluções mais complexas para o controle de acesso. Nesse cenário, a tecnologia de biometria está se destacando. A aprovação da Nova Lei Geral do Esporte tornou obrigatória a utilização dessa tecnologia nas arenas com capacidade para mais de 20 mil pessoas. Projetos inovadores, como os do Allianz Parque e da MRV Arena, têm despertado o interesse do mercado e atraído investimentos.

Uma das empresas pioneiras nesse campo é a BePass, que acaba de captar R$ 3 milhões em sua rodada seed. Seu sistema cadastra os usuários por meio da biometria facial já no momento da compra do ingresso. O Allianz Parque se tornou o primeiro estádio no mundo a adotar o acesso exclusivo por biometria facial, e desde o final do ano passado, a plataforma já cadastrou mais de 400 mil pessoas. Com a tecnologia da BePass, a velocidade de verificação nas catracas do estádio do Palmeiras mais que dobrou, permitindo a entrada de 18 pessoas por minuto, em comparação com as sete pessoas por minuto antes da implementação.

A BePass, fundada por Ricardo Cadar de Almeida, surgiu após ele deixar a sociedade na Biomtech, uma empresa também especializada em biometria facial, mas com foco principalmente no setor público, prestando serviços para a polícia federal, governos e tribunais de justiça. Com sua paixão por esportes e atento aos problemas enfrentados nos estádios, Almeida decidiu fundar uma startup especializada nesse segmento para aplicar seus conhecimentos adquiridos desde 2016 nesse mercado.

Após o sucesso inicial, a BePass planeja expandir sua tecnologia internacionalmente. O CEO da empresa visitou grandes clubes na Europa, como na Inglaterra, Espanha e Portugal, onde já testou sua solução. Em maio, a plataforma foi responsável pelo controle de acesso em um jogo no estádio do Sporting, contra o Benfica.

Apesar da liderança da BePass, há outras empresas especializadas em biometria facial no mercado, como Unico e TopData, que atuam há mais tempo, mas focam mais no mercado corporativo. Outra concorrente direta é a Imply, que está no mercado há mais de 20 anos e atua em estádios na América Latina, Uruguai, Chile, Paraguai e Marrocos. Embora o core business da Imply seja diferente, a empresa também está investindo no segmento de biometria facial e planeja expandir seus negócios internacionalmente, focando principalmente na América Latina.

A Imply teve seu primeiro projeto de biometria facial no Chile, com o Projeto Estádio Seguro, que levou a empresa brasileira a instalar catracas para identificar os visitantes com base no RUT, um cadastro único digital do governo local. Essa experiência foi incorporada posteriormente às catracas que a Imply oferece no Brasil, e o primeiro cliente esportivo foi o Grêmio de Porto Alegre, em 2007. Atualmente, os equipamentos da empresa oferecem diversas modalidades de acesso, incluindo QR Code, código de barras, iFare, Bluetooth, biometria digital ou facial.

A Imply já realizou o controle de acesso em grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e a Copa América de 2019, além de atender anualmente a Oktoberfest de Blumenau. O próximo desafio da empresa será testar o acesso com biometria facial na Arena MRV, durante o jogo “Lendas do Galo”, com presença confirmada de Ronaldinho Gaúcho, Reinaldo, Dadá Maravilha, Alecsandro, Richarlyson e outras estrelas, mas apenas com profissionais da imprensa para validar o sistema.

Além de melhorar a segurança e o controle de acesso nos estádios, há também o potencial de negócios na monetização da base de dados, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A BePass, por exemplo, já realizou ativações de marketing durante um jogo, direcionadas a torcedores que deram permissão para o uso de suas informações. Um dos clientes desse serviço é a FAM — Faculdade das Américas, que busca alcançar o público jovem.

Fonte: Pipeline Valor