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Quinta-feira, 25 de julho de 2024

Carrefour conclui integração com o Big. Quais os próximos “big” passos?

No último ano, a integração do Big tem sido o foco principal do Carrefour Brasil. Enfrentando desafios como pressão financeira, gastos e riscos de execução em um cenário macroeconômico instável, a empresa buscou consolidar o ativo adquirido por R$ 7 bilhões.

Nesta sexta-feira, 30 de junho, a empresa anunciou a conclusão de 100% da integração, antecipando em seis meses o prazo inicialmente estimado. Stéphane Maquaire, CEO do Carrefour Brasil, destaca que foi um trabalho intenso, realizado em um momento de consumo fraco e competição acirrada. Agora, a empresa se encontra preparada e pronta para aproveitar a retomada do consumo.

Embora não divulgue dados específicos sobre áreas como logística, compras e backoffice, o Carrefour realizou a conversão de 129 lojas, das quais 76 foram destinadas ao Atacadão, 48 fortaleceram a base dos hipermercados Carrefour e as outras 5 passaram a operar sob a marca Sam’s Club. Atualmente, a empresa possui cerca de 1.200 pontos de venda.

Essa onda de conversões permitiu que o Carrefour fortalecesse sua presença em regiões em que antes tinha pouca atuação. Por exemplo, na região Sul, a base de lojas triplicou, chegando a 200 unidades. No Atacadão, destacam-se São Paulo, com 18 lojas convertidas, além do Rio Grande do Sul e Paraná, com 16 e 12 unidades, respectivamente. Com as conversões, o hipermercado Carrefour expandiu sua presença para Santa Catarina, Alagoas, Bahia e Piauí.

Apesar de ter concluído a integração, Maquaire reconhece que ainda há trabalho a ser feito para otimizar essa nova estrutura e alcançar as sinergias estimadas em R$ 2 bilhões até 2025. Ele ressalta que apenas agora, com as lojas em operação, será possível ajustar os processos de acordo com as características de cada região. O CEO afirma que a empresa ainda está se adaptando a essa mudança significativa e que são necessários três anos para que as lojas atinjam a maturidade desejada, mas destaca que o Carrefour ganhou seis meses nessa jornada.

O Atacadão, com 344 lojas, é o principal foco de atenção do Carrefour Brasil, junto com os supermercados, devido à crescente competição nesse segmento. Maquaire observa que esse mercado recebeu 240 novas lojas nos últimos 12 meses, com a entrada de vários concorrentes regionais e a expansão do Assaí, que adquiriu 71 lojas do Extra. O CEO está confiante de que o Carrefour conquistará mais clientes com suas novas lojas, mas ressalta que é necessário tempo para consolidar essas operações e que a concorrência também enfrentará desafios semelhantes.

Paralelamente, o Carrefour continuará com sua expansão orgânica, dando prioridade ao Atacadão, ao Sam’s Club e aos formatos de proximidade. No entanto, não há planos de ampliar a rede de hipermercados, composta por 148 unidades. Essas operações serão avaliadas periodicamente para eventuais conversões, loja por loja, para as marcas Atacadão e Sam’s Club.

Além disso, o Carrefour tem explorado a possibilidade de implementar o modelo de lojas combo, no qual duas marcas diferentes compartilham o mesmo espaço físico. Já existem quatro projetos em andamento e outros dois estão sendo avaliados. Essa abordagem permite dividir custos, como energia, estacionamento e impostos, acelerando a expansão do Sam’s Club com menos despesas de capital.

O Sam’s Club, que atualmente possui 43 lojas, também receberá maior atenção. O Carrefour pretende dobrar o número de unidades, focando em regiões como a Grande São Paulo. Maquaire destaca que o Sam’s Club atende a clientes das classes A e AB, diferentemente do Atacadão, que atinge principalmente as classes C e D, e do hipermercado, que atende a classe B.

Com a intenção de atrair esse novo perfil de clientes, o Carrefour buscará digitalizar ainda mais o Sam’s Club. O lançamento do cartão Sam’s Club em dezembro de 2022, em parceria com o Banco Carrefour, é um exemplo desse movimento. A digitalização é uma prioridade para o grupo como um todo, aproveitando os dados de sua base de 15 milhões de clientes para tomar decisões estratégicas.

Outra iniciativa recente foi o lançamento das franquias do Carrefour Express, com o objetivo de acelerar a expansão das lojas de proximidade, que atualmente totalizam 151 unidades, a maioria na região metropolitana de São Paulo. As franquias possuem investimento inicial de R$ 150 mil e lojas de 15 a 200 metros quadrados.

Além da expansão, o Carrefour Brasil também está envolvido em projetos para otimizar sua operação. Um deles é o potencial carve out de seu braço imobiliário, que detém mais de 450 ativos. Embora ainda não haja urgência, a empresa está avaliando o melhor momento para buscar um parceiro nessa área. Recentemente, o Carrefour iniciou negociações para vender cinco centros de distribuição e cinco lojas para a Barzel Properties, em uma operação de sale and leaseback.

Em relação aos resultados financeiros, o Carrefour Brasil reportou um prejuízo líquido de R$ 113 milhões no primeiro trimestre de 2023, o primeiro desde o IPO em 2017. No entanto, a receita líquida aumentou 30,7%, chegando a R$ 27,1 bilhões.

O banco Citi elevou sua recomendação para ações do Carrefour Brasil de neutra para compra, apesar de reduzir o preço-alvo de R$ 18,50 para R$ 15. Os analistas destacaram os desafios de curto prazo, como a integração do Big e a alavancagem da empresa, mas também ressaltaram os potenciais benefícios dos ativos imobiliários da empresa.

As ações do Carrefour Brasil encerraram o pregão recente em queda de 0,27%, cotadas a R$ 10,92. Em 2023, as ações acumulam uma desvalorização de 25,9%.

Fonte: Neofeed