No Mundo
Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Rússia acusa Ucrânia e ‘agentes’ de Navalny por assassinato de blogueiro militar

Após as acusações contra a organização de Navalny, a porta-voz da fundação, Kira Yarmysh, denunciou um golpe organizado pelo Kremlin.

“Alexei será julgado em breve por extremismo, ele pode ser condenado a 35 anos (de prisão). E o Kremlin considera genial poder acrescentar uma acusação de ‘terrorismo’”, tuitou.

– Wagner –

A Rússia mantém uma repressão sem trégua aos críticos do Kremlin, em particular contra os que questionam a intervenção militar na Ucrânia.

De acordo com a agência estatal de notícias Tass, a mulher detida nesta segunda-feira já passou 10 dias presa em 2022 por protestar contra a ofensiva russa.

O blogueiro Tatarsky morreu no domingo em um atentado com bomba em um café de São Petersburgo, onde discursava em uma conferência de uma organização de apoio à ofensiva russa na Ucrânia, a Cyber Z Front.

Vários meios de comunicação da Rússia afirmaram que Trepova levou para a conferência uma bomba camuflada em uma estatueta que foi entregue ao blogueiro durante o evento.

O balanço atualizado afirma que o ataque deixou 32 pessoas feridas, oito delas em estado grave.

O café atacado pertence ao fundador do grupo paramilitar Wagner, Yevgueni Prigozhin, que informou ter disponibilizado o local para a organização.

O ataque recorda o que foi executado em agosto do ano passado contra Daria Duguina, grande defensora da ofensiva na Ucrânia e filha do ideólogo ultranacionalista Alexander Duguin. Moscou acusou Kiev, que negou qualquer participação no assassinato.

– “Mataremos todos” –

Prigozhin, em oposição às autoridades russas, pareceu descartar que os assassinatos tenham sido organizados pelos serviços especiais ucranianos.

“Eu não acusaria o regime de Kiev por estes atos. Acredito que um grupo de radicais está agindo”, disse no canal Telegram de seu serviço de imprensa.

O blogueiro, de 40 anos, era natural do Donbass, no leste da Ucrânia e epicentro do conflito.

Tatarsky, que viajava com frequência à frente de batalha, tinha mais de meio milhão de seguidores no Telegram.

De acordo com a imprensa russa, ele foi preso na Ucrânia por um assalto em 2011. Três anos depois, aproveitando os confrontos no leste ucraniano iniciados por separatistas pró-Rússia, ele fugiu da prisão e se uniu a estes combatentes.

Em 2019, ele deixou as forças separatistas, segundo o jornal Kommersant, para concentrar-se em seu blog.

Em setembro, seus comentários em uma celebração do Kremlin sobre a anexação de várias regiões ucranianas provocaram grande impacto.

“Vamos vencer todos, mataremos todos, roubaremos quantas pessoas forem necessárias. Tudo do jeito que nós gostamos”, afirmou.

Fonte: Reuters