Economia
Sábado, 27 de abril de 2024

Taxa de juros é remédio ineficaz contra o tipo de doença que economia enfrenta, avalia consultor da FGV

A alta do juros é motivo de paralisação nas principais montadoras do país. Também foi definida pelo ganhador do Nobel de Economia Joseph Stiglitz como uma “pena de morte” a qual o Brasil vem sobrevivendo.

Em entrevista a Natuza Nery, o consultor da FGV Robson Gonçalves analisa a fala do economista norte-americano.

“A TAXA DE JUROS PODE SER ENTENDIDA COMO UM REMÉDIO CONTRA A INFLAÇÃO”, EXPLICA GONÇALVES. “MAS ELA É UM REMÉDIO CONTRA UM TIPO DE INFLAÇÃO, PORTANTO UMA MANIFESTAÇÃO DESSA DOENÇA ECONÔMICA QUE É A INFLAÇÃO DE DEMANDA. COMO TODO REMÉDIO, A TAXA DE JUROS TEM SEUS EFEITOS COLATERAIS NO CURTO PRAZO: ELA FREIA O CRESCIMENTO ECONÔMICO E REDUZ A DEMANDA POR BENS E SERVIÇOS.”

A inflação mundial, detalha o economista, é puxada pelo preço das commodities por causa das incertezas causadas pela guerra na Ucrânia.

“NESSA CONDIÇÃO, A TAXA DE JUROS SE TORNA UM MEDICAMENTO MUITO INEFICAZ: A GENTE SÓ FICA COM O EFEITO COLATERAL. É COMO SE O PACIENTE ESTIVESSE MORRENDO SEM TER O BENEFÍCIO DA CURA SIMPLESMENTE PORQUE O REMÉDIO É INADEQUADO PARA O TIPO DE DOENÇA QUE A ECONOMIA ESTÁ ENFRENTANDO.”

Enquanto, no Brasil, a taxa de juros permanece o dobro da inflação, países como os Estados Unidos oscilam em uma faixa de 4,5% a 4,75% ao ano, abaixo da inflação.

No episódio #925 do podcast O Assunto, o economista aposta em uma divergência na decisão sobre a taxa de juros brasileira, mas concorda com a análise de Stiglitz e destaca que a redução é importante para auxiliar os 62,5 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza.

“A MANUTENÇÃO DE UMA TAXA DE JUROS MUITO ELEVADA É MORTAL NO SENTIDO DE QUE ELA CONTÉM O CRESCIMENTO ECONÔMICO E DIMINUI A GERAÇÃO DE EMPREGOS…PARA TIRAR AS PESSOAS DA LINHA DA POBREZA, É PRECISO EMPREGÁ-LAS ANTES DE MAIS NADA.”

Fonte: G1