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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

JSL assina cheque de R$ 587 milhões na maior aquisição desde o seu IPO

Nos últimos anos, a tese de M&As ganhou tração na JSL, companhia de logística do grupo Simpar. Desde o segundo semestre de 2020, quando abriu capital na B3, a empresa engatou seis acordos, sendo o mais recente a compra da logtech Truckpad, em maio de 2022, por R$ 10 milhões.

Na manhã de sexta-feira, 3 de março, a companhia acrescentou mais um ativo a esse pacote e, de quebra, assinou o maior cheque, até aqui, dessa estratégia. A empresa anunciou a aquisição da IC Transportes, por meio da compra de 100% das quotas que a Unitum Participações detinha na operação.

Pelos termos do acordo, a JSL pagará R$ 587 milhões para concluir a compra da IC, que seguirá operando de forma independente, sob o comando de Ivan Luis Camargo, filho do fundador da empresa. Desse total, R$ 100 milhões serão retidos na data de hoje como garantia para eventuais indenizações.

O saldo remanescente da aquisição incluirá o pagamento de R$ 60 milhões na data de fechamento do acordo, além de R$ 179 milhões em quatro parcelas anuais de cerca de R$ 45 milhões. Todas essas parcelas serão corrigidas por 90% do CDI.

Além de estar em linha com sua estratégia de diversificação, a JSL ressaltou que o acordo traz um grande potencial de crescimento orgânico por meio de ganhos de escala e do incremento da participação da empresa em novos segmentos de receitas resilientes e “fundamentais” à economia real.

“A transação reforça a presença e consolida a posição da JSL em transporte de gases, combustíveis, químicos e no agronegócio, incluindo sua cadeia de suprimentos, resultando na ampliação da diversificação de setores e geografias”, destacou a empresa no fato relevante.

Fundada em 1982, em Sumaré (SP), a IC atua no transporte rodoviário de granéis sólidos, líquidos e gasosos, e cargas de alta complexidade. Com 1,7 mil funcionários, a empresa tem uma frota própria de mais de 2,4 mil ativos, com idade média de 4,2 anos e avaliada em cerca de R$ 650 milhões.

A companhia é dona de uma carteira de mais de 370 clientes, distribuídos em 15 estados brasileiros e na Argentina, no Uruguai e no Paraguai. A transação vai abrir caminho para que a JSL amplie sua presença em empresas que já estão em sua base, como Raízen, Exxon Mobil, Cargill, Mosaic e Braskem.

A partir dessa estrutura, no ano passado, a IC apurou uma receita líquida de R$ 1,4 bilhão, o que representou um salto de 51% sobre 2021. Com o acordo, a JSL adiciona R$ 1,7 bilhão de receita bruta, o que totalizaria um faturamento pro-forma da operação combinada de R$ 8,8 bilhões em 2022.

À parte esses números, a JSL destacou outros racionais da aquisição. Entre eles, a complementaridade geográfica, o que vai permitir a expansão da sua densidade no Brasil e na América do Sul, e os ganhos acelerados da IC, que registrou uma taxa de crescimento anual composta de 28% entre 2019 e 2022.

“Além disso, vale mencionar que o setor de atuação da IC é extremamente fragmentado, possuindo diversas outras oportunidades de aquisição”, ressaltou a companhia, no comunicado.

As ações da JSL encerraram o pregão de ontem cotadas a R$ 6,59, um recuo de 2,2%. Em 2023, os papéis da empresa acumulam uma valorização de 19,6%. A companhia está avaliada em R$ 1,87 bilhão.

Fonte: Neofeed