A Bolsa cai mais de 1% na tarde desta quarta-feira (1º), e começa o mês de março no pior patamar de 2023, perdendo os 104 mil pontos. Segundo analistas, o desempenho reflete decisões do governo que envolvem a Petrobras, como a taxação sobre exportação de petróleo cru e o adiamento da assembleia de acionistas.
O dólar também está em queda, reagindo ao cenário externo. Principalmente à China, que registrou crescimento de sua produção industrial mais rápido que o esperado.
Às 14h20 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava baixa de 1,24%, a 103.621 pontos. O dólar comercial à vista caía 0,61%, a R$ 5,192.
No mercado de juros, os vencimentos mais curtos estão em queda, e os mais longos em alta. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 recuavam de 13,37% ao ano no fechamento desta terça-feira (28) para 13,30% às 14h20. No vencimento em janeiro de 2025, a taxa passava de 12,67% para 12,59%. Nos contratos para janeiro de 2027, as taxas subiam de R$ 12,90% para 12,93%.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu instituir uma taxa de 9,2% sobre as exportações de petróleo bruto. A medida terá duração de quatro meses, a partir de 1º de março.
A cobrança foi anunciada pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), como uma forma de compensar a perda de arrecadação do governo com a reoneração apenas parcial de tributos federais sobre gasolina e etanol.
Para Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, a decisão não foi bem recebida pelo mercado. “Reflete inclusive em outras exportadoras, porque fica a dúvida sobre onde isso vai parar. Será que vão taxar outras commodities?”, questiona Moliterno.
Às 14h20, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras recuavam 2,13% e 2,78%, respectivamente.
Outras grandes exportadoras listadas na B3 tinham desempenhos parecidos. É o caso de Braskem, com as ações preferenciais classe A recuando 3,03%. O papel ordinário da Suzano tinham queda de 3,56%, e as Units da Klabin caíam 0,56%.
Outras notícias que contribuem para elevar a cautela dos investidores com a Petrobras envolvem mudanças nos nomes indicados pelo governo para o conselho de administração, e a suspensão do processo de venda de ativos.
Após críticas de aliados, o governo anunciou nesta quarta-feira mudança na lista de indicados ao conselho de administração da Petrobras. Decidiu também adiar a assembleia de acionistas que elegerá o colegiado, sinalizando que fará novas alterações.
A lista inicial foi elaborada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e gerou desconforto entre aliados e dentro da própria estatal, chegando a ser chamada de “bolsonarista” por sindicatos de empregados da companhia.
A estatal recebeu, também nesta quarta-feira, ofício do Ministério de Minas e Energia solicitando a suspensão do processo de venda de ativos por um prazo de 90 dias. O governo justifica o pedido com a reavaliação da política energética e a composição do novo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética)
Segundo analistas, estas decisões do governo acabam tendo efeito sobre as ações de outras estatais, ou empresas com participação relevante da União em seu capital.
Às 14h20, a ação ordinária do Banco do Brasil caía 3,44%. Os papéis ordinários e preferenciais classe B da Eletrobras recuavam 3,17% e 2,75%, respectivamente.
O câmbio segue a tendência de desvalorização global. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante uma lista internacional de moedas, tinha queda de 0,50%.
Os investidores estão mais otimistas com a recuperação econômica da China. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) Manufatureiro do país subiu de 50,1 em janeiro para 52,6 em fevereiro. É o maior patamar do indicador desde abril de 2012, segundo a XP Investimentos.
Na Bolsa, o indicador impulsiona principalmente a ação ordinária da Vale, que às 14h20, operava em alta de 4,78%, e impedia um desempenho ainda pior do Ibovespa.
O índice de ações Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, fechou em alta superior a 4% nesta quarta-feira. O índice chinês CSI 300 subiu 1,41%.
Em Nova York, os índices oscilam, com os investidores tentando se antecipar às decisões do Fed (Federal Reseve, o banco central americano) sobre os juros. O Dow Jones estava em alta de 0,20%. O S&P 500 registrava leve queda de 0,08%. O índice Nasdaq recuava 0,19%.
Economia
Quinta-feira, 25 de julho de 2024
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