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Terça-feira, 7 de maio de 2024

Biden critica Rússia e Putin diz defender ‘terras históricas’ na Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou nesta quarta-feira (22) a decisão de Moscou de suspender sua participação em um tratado de desarmamento nuclear, enquanto o presidente Vladimir Putin garantiu que a Rússia pretende recuperar “terras históricas” com sua ofensiva militar na Ucrânia.

Já a China apresentou à Rússia ideias para uma “solução política” para o conflito, que começou há quase um ano e deixou milhares de mortos.

Biden afirmou que a decisão da Rússia, anunciada nesta terça-feira, de suspender sua participação no tratado Novo Start, assinado em 2010, foi um “erro grave”.

O presidente dos Estados Unidos fez essa avaliação antes de se encontrar com o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, em Varsóvia, para discutir um aumento da ajuda militar à Ucrânia.

Também participaram do encontro os dirigentes dos nove países-membros da Otan, situados na Europa Central e Leste Europeu: Bulgária, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia e Eslováquia.

Stoltenberg defendeu “interromper o ciclo de agressão russa” e “dar à Ucrânia o que ela precisa para vencer” a guerra, nas vésperas do primeiro aniversário do início da invasão em 24 de fevereiro.

“Não podemos deixar que a Rússia continue minando a segurança europeia”, enfatizou Stoltenberg.

Putin, por sua vez, defendeu a operação russa na Ucrânia, durante um evento patriótico no estádio Luzhniki, em Moscou.

“Hoje, a hierarquia (militar) me disse que estamos lutando por nosso povo em nossas terras históricas”, declarou Putin diante de dezenas de milhares de russos

Putin acusou nesta terça-feira os países ocidentais de usar o conflito na Ucrânia para “acabar com” a Rússia e lhes atribuiu a “responsabilidade de alimentar o conflito ucraniano e suas vítimas”.

Biden respondeu, em seu discurso em Varsóvia, que “o Ocidente não conspira para atacar a Rússia, e garantiu que o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia “nunca vacilará”. “A Ucrânia nunca será uma vitória para a Rússia”, afirmou.

Desde o início da guerra, os bombardeios russos destruíram cidades inteiras e infraestruturas de energia da Ucrânia.

Nos últimos meses a Rússia enfrentou vários contratempos no leste, mas tenta compensar com a tomada da cidade de Bakhmut, sitiada e assolada por bombas há semanas.

Putin apostava em uma guerra rápida, mas encontrou uma resistência feroz, apoiada por entregas de armas e ajuda financeira das potências ocidentais.

Segundo uma pesquisa do instituto Ukraine Rating Group, 95% dos ucranianos acreditam em uma vitória contra a Rússia.

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou nesta quarta-feira uma reunião para votar uma resolução promovida pelos aliados da Ucrânia em favor de uma “paz justa e duradoura”.

No Vaticano, o Papa Francisco voltou a pedir o fim de uma guerra “absurda e cruel” e advertiu que “uma vitória construída sobre ruínas nunca será uma vitória verdadeira”.

– Solução política chinesa –

Putin já havia se encontrado com o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, cujo país se ofereceu para mediar o conflito com a Ucrânia.

“Os interlocutores chineses nos comunicaram suas reflexões sobre as causas profundas da crise ucraniana, além de suas propostas para uma solução política”, mas “nenhum ‘plano’ em separado foi discutido”, destacou o Ministério das Relações Exteriores.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, expressou na terça-feira um interesse cauteloso em tal iniciativa, mas alertou que deve ser respeitado “o princípio da integridade territorial” de seu país.

A Rússia anexou a península da Crimeia em 2014 e, no início da guerra, proclamou sob sua soberania os territórios da bacia de mineração de Donbass, no leste da Ucrânia.

Um funcionário do alto escalão ucraniano disse à AFP nesta quarta-feira que a potência asiática elaborou sua iniciativa “sem consultar” a Ucrânia.

Wang Yi rechaçou as suspeitas ocidentais de que a China poderia fornecer armas à Rússia para continuar a guerra na Ucrânia.

Fonte: AFP