Economia
Terça-feira, 14 de maio de 2024

Emissões de renda fixa somam R$ 457 bi e batem recorde em 2022, diz Anbima

Resultado foi puxado pelo total captado em debêntures – R$ 271 bilhões -, que também é o maior da série histórica

As emissões das empresas nacionais em instrumentos de renda fixa bateram recorde em 2022, somando R$ 457 bilhões, segundo dados divulgados nesta terça-feira (17) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

O resultado representa avanço de 6,6% sobre 2021, destaca a associação. O volume é o maior da série histórica de mercado de capitais da associação, iniciada em 2012.

Segundo o relatório, os números foram puxados pelas ofertas de debêntures, que somaram R$ 271 bilhões neste mesmo período — resultado que também é recorde.

De acordo com José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, mesmo diante de desafios nos cenários interno e externo, a renda fixa teve um bom desempenho em 2022. “Este cenário demonstra a força e a maturidade que o nosso mercado de capitais doméstico atingiu nos últimos anos”.

“Com essa evolução, além das debêntures, vemos outros instrumentos ampliando participação no financiamento das empresas, como as notas comerciais, os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio)”, complementa.

Mercado de securitização

No mercado de securitização, os CRIs totalizaram R$ 50,3 bilhões no ano, resultado que representa alta de 48,5% quando comparado com 2021. Foram 677 operações, contra 623 no ano anterior.

Os CRAs somaram R$ 40,8 bilhões, um avanço de 62,4% em relação ao ano passado. O número de operações também cresceu na mesma base de comparação, passando de 185, em 2021, para 302.

De acordo com o relatório, os resultados dos CRIs e dos CRAs também são recordes da série histórica da Anbima. Já os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) tiveram queda de 49,9% em relação a 2021, para R$ 46,2 bilhões.

Guilherme Maranhão, vice-presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, atribui o crescimento à evolução regulatória. “O avanço dos CRAs está relacionado ao lançamento do Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais), em 2021. Os fundos dessa categoria passaram a ser grandes compradores de CRAs. Ou seja, é a regulação contribuindo ao desenvolvimento do mercado de capitais”, diz.

Vale ressaltar que, em 2022, os Fiagros captaram R$ 7,1 bilhões.

A Anbima somou ainda aos resultados de renda fixa as notas comerciais, que chegaram ao mercado em 2021. No ano passado, nove ofertas atingiram R$ 2,9 bilhões. Em 2022, a utilização do instrumento se acentuou: foram 115 ofertas, totalizando R$ 43,2 bilhões.

“O volume de emissões de notas comerciais é o quarto mais alto do ano, o que é bastante interessante por se tratar de um produto relativamente novo”, afirma Maranhão.

“As características de flexibilidade e agilidade de emissão dessas notas impulsionaram o resultado”, complementa Laloni.

Renda variável

Na renda variável, o volume de operações em 2022 foi de R$ 55 bilhões, queda de 57% em relação a 2021.

Foram 19 follow-ons (ofertas subsequentes de ações) no período, atingindo R$ 54,6 bilhões. O resultado puxou para baixo o total de emissões no mercado de capitais em 2022, que ficou em R$ 544 bilhões, queda de 10,9% na comparação ao ano anterior.

Fonte: CNN