No Mundo
Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Ministro israelense de extrema direita visita Esplanada das Mesquitas de Jerusalém

O novo ministro da Segurança Nacional de Israel, o líder de extrema direita Itamar Ben Gvir, visitou a Esplanada das Mesquitas nesta terça-feira (3), um lugar sagrado no centro das tensões em Jerusalém Oriental, apesar das ameaças do movimento palestino Hamas, no poder na Faixa de Gaza.

“Nosso governo não cederá às ameaças do Hamas”, declarou Ben Gvir na manhã de hoje.

“Se o Hamas acredita que me ameaçar vai me dissuadir, que entenda que os tempos mudaram”, escreveu no Twitter após sua visita.

O movimento islâmico palestino Hamas descreveu a intenção do ministro como “prelúdio de uma escalada na região”.

A Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islã e o mais sagrado do Judaísmo, fica na Cidade Velha de Jerusalém, no setor palestino ocupado e anexado por Israel.

Em virtude de um “status quo” histórico, os não muçulmanos podem ir lá em determinados horários, mas não podem rezar.

Nos últimos anos, porém, um número crescente de judeus, em geral nacionalistas, vão ao lugar para fazer orações, o que os palestinos denunciam como uma “provocação”.

Itamar Ben Gvir, líder do partido de extrema direita Poder Judaico, que foi várias vezes à Esplanada como deputado, já havia anunciado sua intenção de ir como ministro.

“Nosso povo palestino continuará defendendo seus lugares sagrados e a Mesquita de Al-Aqsa”, reagiu o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, na terça-feira, chamando a visita de “crime”.

Trata-se de uma “provocação sem precedentes”, declarou o Ministério das Relações Exteriores palestino em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

“O Monte do Templo é o lugar mais importante para o povo de Israel, mantemos a liberdade de movimento para muçulmanos e cristãos, mas os judeus também subirão ao Monte do Templo e aqueles que fazem ameaças deverão ser tratados com mão de ferro”, disse Ben Gvir, segundo um comunicado.

– Barril de pólvora –

O ministro realizou a visita acompanhado por membros das forças de segurança israelenses, enquanto um drone sobrevoava a Esplanada, disseram à AFP guardas do Waqf, organização jordaniana que administra o local.

Após a partida do ministro, a situação no local se acalmou e fiéis e visitantes puderam entrar no local sem impedimentos, confirmou um jornalista da AFP.

A intenção de Ben Gvir, conhecido por seus comentários incendiários sobre os palestinos, de visitar a Esplanada levantou temores de violência.

Em 2000, a visita de Ariel Sharon, então chefe da oposição de direita de Israel, a este local sagrado foi vista como uma provocação pelos palestinos.

No dia seguinte, confrontos sangrentos entre palestinos e policiais israelenses marcaram o início da segunda Intifada (revolta palestina, 2000-2005).

Em maio de 2021, após a violência na Esplanada e em outras partes de Jerusalém Oriental, o Hamas disparou foguetes contra Israel, iniciando uma guerra de 11 dias.

Itamar Ben Gvir, advogado que vive em um dos assentamentos mais radicais da Cisjordânia ocupada, assumiu na semana passada a pasta no governo mais direitista da história do país, liderado por Benjamin Netanyahu.

O novo ministro quer que os agentes israelenses possam usar mais força contra “terroristas”.

Também defende a anexação israelense da Cisjordânia, onde cerca de 2,9 milhões de palestinos e 475 mil israelenses vivem em colônias consideradas ilegais pelo direito internacional.

Fonte: AFP