Economia
Domingo, 5 de maio de 2024

Vendas no varejo sobem em outubro pelo 3º mês com antecipação de descontos

O setor de varejo brasileiro iniciou o quarto trimestre com aumento das vendas pelo terceiro mês seguido em outubro e um pouco acima do esperado graças à antecipação das promoções de Black Friday, apesar do cenário de desaceleração econômica.

As vendas no varejo registraram alta de 0,4% em outubro, mostraram os dados divulgados nesta quinta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), marcando a leitura mais alta para o mês desde 2020 (+0,9%).

O resultado foi o terceiro seguido no azul, acumulando no período crescimento de 1,7%. Ficou ainda ligeiramente acima da expectativa em pesquisa da Reuters de 0,3%, mesmo em um ambiente de aperto de crédito, juros altos e endividamento elevado das famílias.

“Houve um aumento na ocupação e Auxílio Brasil ajudando por um lado, mas por outro inflação, inadimplência e juros elevados frearam o crescimento (do varejo). Por isso essa cara de estabilidade na margem, apesar de uma taxa positiva”, explicou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.

Isso também deixou o setor 2,9% abaixo do nível recorde de outubro de 2020 e 3,4% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas subiram 2,7%, contra expectativa de 2,3%..

“Desde 2020, a Black Friday vem se pulverizando, porque as empresas começaram a antecipar promoções e descontos. Vimos isso agora em outubro, sobretudo em Móveis e eletrodomésticos e Equipamentos e material para escritório”, disse Santos. A Black Friday acontece no final de novembro.

Ainda assim, analistas não preveem ganho de tração para o varejo à frente, que vem apresentando resultados mensais próximos da estabilidade, considerando a política monetária restritiva do Banco Central e a perspectiva de desaceleração econômica, mesmo com o desemprego em queda e a inflação moderada.

“A política monetária restritiva imposta pelo Banco Central, que deve ajudar na desaceleração econômica ao longo de 2023, afetará diretamente o desempenho do comércio, que terá dificuldades em estabelecer uma trajetória sustentável de crescimento e também deve perder tração no decorrer do próximo ano”, alertou Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

Fonte: Reuters