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Sábado, 4 de maio de 2024

Zagueiro Varane, da França, escapou por pouco de corte para assumir papel de líder na Copa

No intervalo do jogo entre França e Polônia pelas oitavas de final da Copa do Mundo, Didier Deschamps só esperou os jogadores tomarem uma água no vestiário para dar uma bronca geral.
Os franceses já venciam por 1 a 0, com um gol de Giroud, mas o treinador estaria irritado com os espaços que seus jogadores estavam deixando para o adversário.
Segundo o jornal francês L’Equipe, a orientação mais específica era para o meia Antoine Griezmann. O comandante queria que ele parasse de pedir a bola em todos os locais do campo e se preocupasse em cobrir o lateral Koundé.
Quando Deschamps parou de falar, outra voz se ergueu no vestiário. Era Raphael Varane, 29, um dos mais experientes e vice-capitão do time. Ele pareceria ainda mais irritado que o treinador.
“Estamos vivendo um sonho, mas esse sonho pode acabar a qualquer momento se continuarmos assim.”
A França voltou com outra postura do intervalo. A maior prova disso foi que o segundo gol nasceu de um contra-ataque. E quem estava no campo de defesa para recuperar a bola era justamente Griezmann. O jogo terminou 3 a 1.
Ao ecoar a bronca do treinador, Varane mostrou mais uma vez por que é tão respeitado no elenco. Quando fala, é ouvido tanto pelos mais jovens quanto pelos mais experientes.
Sabendo de sua importância, o defensor fez nesta segunda-feira (12) um novo alerta, desta vez sobre o time de Marrocos, adversário da França na semifinal, na quarta-feira (14).
“Eles têm fortes contra-ataques, com boas ações individuais. Não estão aqui por sorte. Então, esperamos um jogo difícil”, afirmou o zagueiro.
“Contra a Polônia, muitos jogadores não haviam jogado o jogo anterior, contra a Tunísia. Tivemos que reagir. Mas não há pressão baseada no adversário. É sempre alto nível, e não há diferença baseada em quem vamos enfrentar”, completou.
Varane é reconhecido por sua capacidade de leitura de jogo. Não foi à toa que Deschamps esperou o máximo que pôde para contar com ele na Copa.
Em 22 de outubro, ele sofreu uma lesão na coxa direita. À época, o Manchester United, pelo qual o atleta atua na Premier League, informou que ele ficaria fora de combate o restante da temporada, até a Copa do Mundo. Mas não havia garantia de que ele se recuperaria a tempo do torneio.
Seria mais um problema para a extensa lista da França para o Mundial, que não parou de aumentar nem às vésperas do torneio. O atacante Karim Benzema foi o último a entrar nela, às vésperas da estreia.
Já estavam nela nomes de peso, como o volante N’Golo Kanté, o meia Paul Pogba, o atacante Christian Nkunku e o zagueiro Presnel Kimpembe.
Com uma recuperação que impressionou, Varane escapou do corte. Ficou fora da estreia contra a Austrália, mas retomou seu posto a partir da segunda rodada, diante da Dinamarca, e não saiu mais do time.
Quando está em campo, ele é quase como um segundo técnico, pois conhece bem o estilo de Deschamps.
“Ele é atento aos mínimos detalhes”, diz o zagueiro. “Sabe o que esperar de mim e sabe o que posso dar ao grupo. Estamos sempre trocando [informações]. É uma chance de termos estabilidade com ele no comando da seleção por tantos anos.”
O técnico francês é o que está há mais tempo no cargo entre todos os 32 treinadores que trabalharam na Copa do Mundo no Qatar. São dez anos, desde 2012.
Nesse período, o país conquistou seu segundo Mundial, em 2018, na Rússia, e a Liga das Nações da Uefa, na temporada 2020/21.
Com a França novamente favorita ao título nesta edição, Varane disse que ainda é difícil compreender o quanto a geração da qual ele faz parte está marcada na história do futebol francês.
“Vamos entender quando acabar. Estamos cientes de que o que estamos alcançando nos últimos anos é algo maravilhoso. Os resultados estão aí, mas é difícil avaliar o que estamos fazendo hoje”, disse o defensor.
Neste momento, ele nem quer refletir sobre isso. O maior objetivo dele e de todo o grupo é buscar o título, alçando a França ao patamar de tricampeã mundial, o que a deixaria atrás apenas de Itália (4), Alemanha (4) e Brasil (5) em número de títulos.
“Conseguir chegar entre os quatro semifinalistas é uma boa performance, mas somos competitivos e queremos ser campeões.”

Fonte: FolhaPress